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sábado, 28 de maio de 2011

Óptica, uma aventura luminosa (parte 1)


A luz sempre foi objeto de interesse do homem desde que tomou consciência de que a noite era conseqüência da ausência da luz solar. Para os Egípcios antigos a luz era Maât a filha de Rá o deus sol, para os Hebreus a luz foi criada por Deus. Já os gregos a compreendiam como algo menos místico, contudo, ainda havia lugar para dúvidas cruciais tais como: a luz vem do objeto que vemos ou sai de nossos olhos em direção aos objetos?

O poeta Homero acreditava na teoria dos raios visuais, já os pitagóricos postulavam que eram os olhos que recebiam os raios luminosos. Platão conciliava dizendo que a visão era um fenômeno constituído por três jatos de partículas, um proveniente dos olhos, outro proveniente dos objetos e um terceiro jato originado das fontes luminosas. Porém, esse impasse só começou a ser realmente resolvido a partir do iraquiano Al Hasan durante a idade das trevas ocidental (idade média) ao postular que a fonte dos raios luminosos estava no sol ou nos objetos luminosos e a visão se deve tão somente a reflexão destes raios até aos olhos humanos.
Os gregos eram tão brilhantes que tinham consciência de que para entenderem a natureza da luz, precisavam além de considerar sua origem não divina e os mecanismos fisiológicos da visão humana, também compreender a natureza física na luz, sua velocidade, sua massa e todas as leis que governam sua relação com os objetos por ela iluminados, as propriedades ópticas das esferas de cristais, dos vidros (lentes) e das características refletoras das superfícies planas e curvas (espelhos).
Embora a luz fosse considerada pelos gregos como de natureza corpuscular, o preceptor de Alexandre o grande (Aristóteles), defendia a hipótese alternativa de que a luz seria algo naturalmente propagado pelo espaço, inerente ao meio, sendo o primeiro a teorizar sobre a natureza do arco-íris. Após Aristóteles, muitos outros filósofos passaram a refletir sobre este fenômeno atmosférico (arco-íris) o qual se tornou um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da óptica.
A questão da natureza da luz permaneceu em debate por alguns séculos onde, de um lado havia os pitagóricos-platonistas defendendo a luz como partícula, de outro lado os aristotélicos defensores da luz como manifestação do meio entre o objeto e os olhos. 
Esse conflito permaneceu em caráter filosófico até o século XVIII quando finalmente a discussão ganhou ares científicos com a colaboração dos estudos de Descartes, Fermat, Newton e Huygens entre outra mentes brilhantes.
Texto adaptado do livro Crônicas da Física (tomo II). Trata-se de um trabalho primoroso do professor e amigo  Dr. J.M.F. Bassalo.

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