Este é um espaço predominantemente pessoal e familiar, mas não se limita a esta categoria. Tem como proposta fundamental apresentar pensamentos, relatar experiências, propor discussões, criar novas amizades e consolidar as já existentes.

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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ufologia: Ficção ou Realidade ?


 A Ufologia é a ciência que investiga a existência de vida extraterrestre e fenômenos correlatos, tais como os controvertidos objetos voadores não identificados. Em agosto de 1985 no auditório da Embratel em Belém, ocorreu um evento que jamais esqueci. Eu e meu primo André Malcher de Almeida, ambos com 11 anos de idade, saímos daquele evento maravilhados e com muito assuntos para contar. Meu pai sempre manifestou interesse sobre Ufologia, chegando a reuniu uma interessante coleção de recortes de jornais e revistas sobre reportagens relacionadas aos objetos voadores não identificados ou OVNI.
       O referido evento exibiria um filme constituído de uma coletânea de vários documentários e registros sobre evidencias da presença alienígena entre nós, seguida de relatos de autoridades no assunto e de pessoas convidadas que tiveram contatos imediatos, portanto tratava-se de uma sessão restrita e direcionada a Ufologistas. Porém, meu pai ao tomar conhecimento, deu um jeito de participar e ainda por cima, conseguiu mais duas entradas, garantindo a presença das duas únicas crianças no evento. Embora meu pai nunca tenha sido ufologista de verdade, seu entusiasmo sobre o assunto o credenciva a realizar tais proezas "heróicas e misteriosas".
  Falar sobre Ufologia requer certa dose de coragem, pois em geral, provoca sentimentos que variam do mais sincero encantamento, a mais completa repugnação. Evidentemente que a Ufologia não constitui uma ciência propriamente dita, contudo, na medida do possível, ela faz uso de critérios científicos para empreender sua investigação e elaborar suas explicações a cerca dos fenômenos que potencialmente evidenciem a existência de vida inteligente extraterrestre.
  Com o fim do acobertamento das informações oficiais sobre OVNI a partir da campanha “Ufos, liberdade de informações já” trilhada pelos Ufologistas em todo o Brasil, a Ufologia começou a ganhar maior visibilidade e credibilidade junto a opinião publica, sobretudo, entre a intelectualidade universitária. Obviamente que diante do status quo, convém mantermos a postura cética, tratando este assunto com cautela e bom senso, mas por outro lado, conservando a mente aberta, estando sempre atento ao charlatanismo ludibriador, ao dogmatismo preconceituoso e ao misticismo mutilador que tanto empobrece a grandeza do espírito humano, a exemplo do clero católico que se recusava sistematicamente a enxergar as evidencias do heliocentrismo, mesmo observando pistas através da luneta de Galileu, provando que o pior cego é aquele que não quer ver.
  O acesso a documentos sigilosos arquivados em órgãos civis e/ou militares foi garantido pela a medida provisória 228 de 2004, visando a normatização dos trâmites legais e a compatibilidade entre o inciso 33º do Artigo 5º da Constituição. Após a aprovação na Câmara dos deputados, a MP 228/04 foi enviada ao Senado e aprovada sem modificações. Em seguida, foi sancionada e ratificada pelo presidente Lula, transformando-se na Lei 11.111 em 05 de maio de 2005.
  Esse fato foi uma grande conquista para a Ufologia nacional, proporcionando mais oportunidade para sua credibilidade metodológica de investigações. Com o acesso aos registros oficiais, o delicado trabalho de separar a ficção da realidade deverá ser mais eficiente e promissor. Neste fértil campo onde os fatos facilmente se confundem com fraudes e fenômenos naturais, as informações sobre avistamentos multiplicam-se pelo mundo todo engrossando o caldo das especulações. Contudo, cabe aqui a pergunta: Estaríamos de fato sós no universo? Porque diante da imensidão do espaço sideral, com bilhões de bilhões galáxias e estrelas, apenas nosso modesto planeta teria o privilégio de possuir condições favoráveis à evolução de vida inteligente?
      Recordemos quatro casos famosos da literatura ufológica mundial: a) O Caso Roswell: sugere a queda de uma nave alienígena no deserto do Novo México (EUA) em 2 de julho de 1947 incluindo a captura de seus tripulantes os quais são mantidos conservados para estudos; b) Operação Prato: implementada pela aeronáutica com a intenção de investigar o pânico generalizado que tomou conta da Ilha de Colares, PA em 1977, fenômeno que ficou popularmente conhecido como “o chupa-chupa”, em referência a luz misteriosa vinda do céu e que atingia os moradores deixando queimaduras na pele sem paralelos na literatura médica; c) O caso ET de Varginha: ocorrido em 20 de janeiro de 1996, quando criaturas humanóides foram vistas num terreno baldio, somando-se a luzes avistadas por várias testemunhas nos céus da cidade de Varginha, MG, o que mobilizou o comando do exército e vários orgãos oficiais do estado; d) A noite dos OVNI: ocorrida em 19 de maio de 1986 quando um grupo de caças da força aérea brasileira foram acionados com a missão de perseguir luzes misteriosas nos céus do Rio de Janeiro e Goiás. Esta operação foi confirmada com a declaração do ministro da aeronáutica Moreira Lima que admitiu publicamente o ocorrido através de entrevista coletiva junto a imprensa.
  Diante destes episódios inexplicáveis sob a óptica de nosso conhecimento acumulado dos fenômenos naturais, aceitar a possibilidade da existência de vida extraterrestre é algo que a humanidade ainda não está psicologicamente preparada, pois abalaria violentamente a estrutura de nossos valores sociais e a base de nossas convicções religiosas, abrindo precedentes para conseqüências imprevisíveis na ordem mundial. Aliás, este é o principal argumento que as autoridades usam para justificar o sigilo absoluto das evidências incontestáveis sobre a existência do chamado “tráfego hotel”, ou seja, a presença dos OVNI de origem extraterrestres.
Ademais, se considerarmos a possibilidade matemática de que pelo menos 1% de todos os registros documentados na literatura Ufologia mundial tenha casuísticas realmente extraterrestres, isso já seria suficiente para causar uma verdadeira revolução cultural. Neste sentido, muitos cientístas já admitem a possibilidade de vida extraterrestre inteligente e a NASA há algumas décadas vem desenvolvendo projetos para investigação de ETs. Não há dúvida de que a comunicação com uma civilização extraterrestre seria a maior revolução que a humanidade poderia experimentar ao longo de toda a sua história e as nações disputam silenciosamente para ver quem chega primeiro.
     Não obstante, enquanto esse dia não chega, esqueçamos por alguns minutos nossos dramas pessoais e compromissos profissionais para dedicarmos apenas alguns minutos a uma breve espiada no firmamento durante uma límpida noite de verão. Se não obtermos a emoção fortuita de avistar um OVNI, ainda assim já teremos logrado êxito se percebermos o quão pequenos e indefesos somos diante da imponente e descomunal grandiosidade do universo. Cabe aqui uma interpretação sugestiva para as palavras do Cristo na sua celebre frase bíblica: "na casa de meu pai há muitas moradas".

domingo, 19 de junho de 2011

Dicas de como fotografar como um profissional (8)

Sobre a profundidade de campo.
   Profundidade de campo ou simplesmente DOF é tudo aquilo que se encontra após (atrás) do assunto principal em uma fotografia. É possivel se obter um DOF amplo, por exemplo em fotos de paisagem, onde todos os elementos precisam estar em foco (nitidez em todos os planos da imagem), ou podemos produzir um DOF raso a ponto de obtermos um foco apenas no primeiro plano da fotografia, deixando desfocado todo o resto atrás do assunto principal. Portanto, o DOF corresponde ao espaço em que existirá foco na imagem captada, ou seja, é a quantidade de área que está nítida na fotografia. O DOF é determinado a partir de quatro parâmetros ou condições que são: a) Distância focal, b) Distância da câmera ao objeto, c) Tamanho do sensor eletrônico, d) Abertura do diafragma da objetiva.
    Então, quanto maior for a abertura do diafragma, menor será o DOF (F-stop pequeno, menor DOF). Quanto menor o sensor, menor será o DOF. Câmeras compactas possuem sensor menor que câmeras DSLR e é exatamente por isso que as compactas são naturalmente propensas a produzir melhor fotografia no estilo macro do que em outros estilos fotográficos.
   Quanto maior a distancia focal, menor será o DOF, ou seja, fotografar uma pessoa a 300mm e a 50mm, conservando nas duas situações, o mesmo ângulo de abrangência do fotograma, o DOF será menor em 300mm do que em 50mm. Quanto mais próximo a câmera do assunto, menor será o DOF, pois os raios de luz provenientes dos objetos distantes tendem a formar menos círculos de confusão (desfoque) e por conseguinte, obtemos maior profundidade de campo quanto maior for nossa distância ao objeto.
    Bokeh é o nome que se dá para fotografias com DOF reduzidos, ou seja, com nitidez de foco apenas sobre o assunto principal, estando seu fundo completamete desfocado, gerando um belo efeito ao deter a atenção do observador no assunto principal por conta da ênfase que o foco raso proporciona. 
   Consequentemente, para se obter uma boa fotografia de paisagem, é necessário uma abertura de f.8 ou f.11 para que tudo esteja em foco. Retratos em ambeintes externos devem ter grandes aberturas, ou seja, f3.5 ou f2.8 ou menor, pois quanto mais aberto melhor será o efeito Bokeh e mais bonito ficará o retrato. Vale lembra que quanto menor for a abertura, menor quantidade de luz entrará na objetiva por intervalo de tempo, por isso, para se obter a exposição final adequada, devemos equilibar o valor da abertura com os outros parâmetros (velocidade de disparo e ISO).
   Contudo, valores de ISO muito elevados geram ruídos (granulações excessivas), mas isto será tratado no próximo post. Abordaremos, por exemplo,  alguns critérios importantes na hora de escolher qual câmera comprar, já adiantando que quantidade de megapixel não é tudo, as vezes muitos megapixels atrapalha. 

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Aos meus mestres, com carinho (1)

Já foi dito que uma das glórias máximas de um povo está no reconhecimento e valorização de seus professores, sobretudo, por estes constituírem os pilares da nação, centelha de esperança que lapida o destino de crianças e o caráter de adultos. Deste modo, motivado pelo desejo de homenagear meus saudosos professores do ensino fundamental e médio, rememoro fatos de épocas da infância e juventude, trazendo à público aqueles homens e mulheres anônimos, que fizeram parte de minha trajetória estudantil, emprestando suas vidas ao nobre ato de ensinar.
Nessa viagem pessoal, reporto-me aos idos de 1978 quando então, fui  apresentado ao lápis e papel. Residia no bairro do Umarizal, rua Oliveira Belo, passagem Brasília, casa de número 32. Dessa época, ainda guardo vivo na memória meu velocípede - um triciclo azul com detalhes brancos, - presente do lendário Noel.
Todas as tardes, dona Maria José, minha mãezinha, levava-me até a casa da “tia Socorro”, a primeiríssima personagem dessa aventura. Ali, funcionava uma rústica escolinha improvisada, a qual  acolheu-me carinhosamente, tornando aquelas tardes de infância ainda mais gostosas. Entre riscos e rabiscos, cantávamos, fazíamos orações, ouvíamos historinhas, brincávamos com joguinhos, tudo envolto numa contagiante atmosfera de alegria e diversão.
      No ano seguinte ao completar cinco anos de idade, ingressei oficialmente no sistema educacional formal “jardim”, o qual realizei no Núcleo Pedagógico Integrado (NPI) da UFPA. Nessa época o NPI possuia uma frota, salvo engano, constituída por dose ônibus destinados a condução dos alunos dessa escola. Todos belíssimos, com pinturas multicoloridas em formato de planetas e satélites. Lembro-me que ficavam estacionados em frente a escola, dispostos lado a lado, cada qual com uma numeração específica e com trajetórias distintas entre os diversos bairros de Belém.
     Quando a sirene da escola anunciava a hora da saída, nós, alunos do jardim, ficávamos atentos à espera daquelas pessoas que nos conduziram até esses ônibus. Nunca esqueci a ruidosa, mas cordial dona Nazaré que, os “berros” se aproximava de nossa sala de aula anunciando: “carro dez, carro dez, carro dez...!”.
   Ao ouvi-la, eu e os demais infantes, rapidamente formávamos um trenzinho humano e assim, seguíamos a estridente senhora até o respectivo ônibus que fazia linha para nosso bairro e cujo número era o dez.
  Segundo me consta, meu primeiro dia de aula em uma escola foi traumático e doloroso. Meu pai foi quem teve a também difícil tarefa de conduzir-me até a classe e me apresentar  aos colegas e a nova professora. No momento da despedida, ao perceber que ficaria "sozinho", agarrei-me firmemente em seus braços e aos prantos, protestava por não querer ficar. Por sorte, minhas chantagens emocionais nunca funcionaram. Algum tempo depois, percebendo a inevitabilidade de ter que encarar a situação, aquele moleque medroso foi se ambientado ao novo espaço, junto aos novos colegas de classe. Naturalmente uma classe repleta de olhinhos igualmente aflitos com a jornada que se iniciava.



    Foi no Jardim que conhecemos os números naturais. A “tia Marilaque” (nossa professora do jardim), nos ensinou pacientemente as vogais e as consoantes, contou-nos muitas outras historinhas,  brincadeiras variadas e de posse de lápis de cera e tinta guaxe, criávamos um novo mundo.
   Entretanto, como o NPI era destinado, na época, apenas aos filhos de funcionários da UFPA, em 1980 precisei mudar de escola, pois meu pai deixaria  da UFPA para ingressar nos Correios, empresa em que se encontra até hoje.
Assim, prossegui os estudos na Escola Estadual de primeiro grau “Paulo Maranhão”, localizada na Av. José Bonifácio, esquina com a rua dos Mundurucus. Nessa escola, realizei o “preparatório” também conhecido como alfabetização. Minha mestra foi a atenciosa professora Maria de Lurdes Bizerra Lopes, ilustre amiga da família e  por sinal, mãe de meu grande amigo de infância  Paulo André Lopes. Certamente, foi a “Tia Lourdes”quem me iniciou na indefectível cartilha do ABC e nos cadernos de caligrafia. Não preciso dizer que meu coração será eternamente grato.      ... (segue)

O Liberal. 20/03/2006

Invenção de anjos ou demônios?

A Imunologia é uma invenção do demônio.” Esta frase curiosamente escrita no prefácio de um livro de Imunologia, ilustra a opinião bem humorada de seus autores,  especialistas no assunto. Ela revela a angustia que estes experts possuem para manter o heróico esforço de se atualizarem nesse campo tão especializado do conhecimento humano, o qual se expande demoníacamente.
De certo modo a Imunologia é a ciência que trata da criação e aplicação de meios que possibilitem um estado de imunidade no organismo hospedeiro, protegendo-o de certos tipos de doenças. Esse estado de imunidade pode ser induzido através de vários tipos de vacinas, muitas destas disponíveis comercialmente.
Tudo começou em 1796 quando o médico inglês Edward Jenner descobriu a primeira vacina da história, imunizando um garoto de oito anos contra varíola. Em latim a palavra vaca escreve-se “vacca”, e da mesma forma varíola bovina escreve-se “vaccinia”, desse modo, Jenner empregou pela primeira vez o termo vacinação para descrever o processo de inoculação da varíola bovina, para conseguir imunidade contra a varíola humana, fundando dessa forma a ciência da Imunologia. De lá para cá muita coisa mudou, porém, o princípio fundamental para se atingir o estado de imunidade ainda é basicamente o mesmo.
De um modo simplificado, a produção de vacinas se baseia na utilização de microorganismos vivos atenuados, microorganismos vivos inativos ou extratos processados a partir de componentes destes microorganismos, os quais podem estimular duas faces da resposta imune, caracterizadas pela formação de anticorpos (resposta humoral) e pela imunidade ligada as células (resposta celular). Entretanto, uma longa série de descobertas ocorridas nas últimas décadas, nos permitiu entender com mais clareza os fenômenos imunológicos, aperfeiçoando a produção de vacinas e soros.
Existe atualmente um estágio experimental na produção de vacinas a base de peptídios e a promessa de tão desejada vacina de DNA. Esta última, deve revolucionar o campo da Imunologia, pois apresenta uma série de vantagens econômicas, técnicas e logísticas, a começar pela sua produção, que é bem mais barata. Além disso, a manutenção do controle de qualidade é mais fácil e, sua comercialização não necessita de uma rede de refrigeração, pois essas vacinas, a rigor, são estáveis a temperatura ambiente.
Obviamente que estes fatores facilitam o transporte e a distribuição destas vacinas, viabilizando a transferência de tecnologia aos países em transição econômica, a exemplo do  Brasil. Somado a isso, as vacinas de DNA fornecem a informação genética necessária para que o organismo possa fabricar os antígenos necessários a indução da proteção desejada, estado que pode durar pelo resto da vida e sem o risco do organismo desenvolver as temerosas reações alérgicas, as quais constituem atualmente, um problema insuperável nas vacinas clássicas disponíveis.
Mas nem tudo são flores. Como possíveis desvantagens podem ser citadas a possibilidade de conseqüências desastrosas como a ativação de protooncogens - gens responsáveis pelo aparecimento de tumores (câncer), - ou a inativação de gens supressores de tumores, ou seja, os "gens mocinhos", aqueles que evitam o surgimento dos tumores. Como se não bastasse, pode ocorrer ainda a tolerância farmacológica. Contudo, nenhuma evidência desses fenômenos foi comprovada. Até o presente momento, testes rigorosos estão sendo feitos em modelos experimentais em diversos laboratórios pelo mundo e, em breve, estarão realizando testes em seres humanos. Mas antes que isso ocorra, esperamos que a Imunologia tenha se redimido do seu estatus demoníaco, sobretudo, entre os estudantes dos cursos básicos, e consiga atingir o adequado e providencial nível de ciência celestial.

Publicado em O Liberal, 02 de dezembro de 2005.

sábado, 4 de junho de 2011

Uma garota Nota 10

             Estava escrito à mão sobre uma folha de caderno, fortuitamente encontrada no banco de trás de meu carro, pois ela havia deixado distraidamente juntamenete com outros pertences. No auge de seus 18 anos, a garota gostava mesmo de escrever. Não recordo o título da redação, mas nunca esqueci a observação do professor: “Parabéns, você tem muito talento; a história está ótima, nota dez!” Por um certo tempo aquela redação permaneceu esquecida, perdida em minha estante no interior de algum livro.
Dia desses, vasculhando meus alfarrábios, a encontro com muita alegria. Então, recrio aqui a história fictícia mas quase real, de uma garota real, mas quase fictícia, que ousou preencher o vazio de minhas noites de inverno nos idos de 1997 e 1998. Não se trata aqui de um culto ao obsoleto, apenas uma gostosa recordação de uma inteligente e talentosa ex-namorada e a quem devoto essa singela homenagem pelos bons momentos que passamos juntos.
            Era domingo, uma típica manhã de inverno na cidade das mangueiras. Uma fina garoa teimava em cair sobre os caminhares apressados dos transeuntes. Foi ali que ela surgiu, trajando um vestido branco, aliás, não era apenas um vestido, era um longo com lugar para o pescoço e para os braços, parecendo mas roupa de primeira comunhão. Confesso que por um instante pensei que ela tivesse enlouquecido andando daquele jeito pela avenida Presidente Vargas.
           A certa altura permaneceu parada, deixando que eu a visse. Então,  aproximou-se e com os olhos cheios d’água, falou-me pausadamente: - Oi Alexandre, vim me despedir, pois estou indo embora, não dá mas para viver aqui. -   Antes mesmo que eu retrucasse, ela continuou - Estou indo porque dei-me conta de que meu apartamento está infestado por pequenos seres velozes e nojentos, que não sossegam enquanto não devoram meus restos de alimento, minhas roupas, meus papeis, meus pertences. Estão em todo lugar e já ameaçam minha higiene física e espiritual.
           Aquelas coisas asquerosas parecem querer vencer-me pelo cansaço e finalmente, acho que conseguiram. Não agüento mais aquelas corridas em zigui-zague, subindo pelos móveis, voando e fazendo aquele barulhinho infernal como chuva caindo em coberta de lona. E para completar, esses seres ainda possuem uma aparência dantesca, gerando ancias de vômito. Baratas me mordam!
         São tantas que mesmo durante o dia, vê-se o transito como se noite fosse. Cansei! Olha que eu tentei... tentei vários artifícios. De primeiro, comprei veneno líquido, depois pozinho, naftalina, inseticidas, fórmulas caseiras e até tentei com a presença de gatos no apartamento mas nada adiantou. Promovi um mutirão para cassa-las à chineladas e negatofe, detetizadores e nananina. Finalmente lá pelas tantas, tentei usar a diplomacia, implorando sentimentalmente que me deixassem em paz e logo, tive um ataque de risos ao perceber-me diante daquela situação ridiculamente absurda, sem dúvida um momento de pura insanidade.
         Em diversas noites, cheguei a ter alucinações pavorosas, enxergando baratas gigantes adentrando pela janela de meu quarto. Diante de tantos transtornos, cogitei algo que parecia a cura: ir embora para algum lugar distante. Quem sabe China, Afeganistão, Polinésia... claro! Polinésia. Sabe, esse nome sempre me chamou a atenção, poli (muitos). Mas qual seria a abundância nesse país? Baratas? Eca! Bom, vou arriscar, está decidido, partirei as cinco da tarde de hoje e vim te dar um último beijo.
        - Aquele foi o último dia em que meus olhos percorreram aquela pele morena, difícil de definir mas gostosa de ver. Se realmente ela foi morar na Polinésia, jamais fiquei sabendo. Contudo, desde daquele dia, estranhamente, nunca mais foi retirado da janela de seu antigo apartamento, localizado na avenida Gov. José Malcher, esquina com a 14 de março, uma placa que anunciava em letras garrafas: “alugamos ou vendemos, tratar no local, com Polinésio Barata, corretor e detetizador.” Até hoje fico pensando que estranha coincidência essa? Eca!

Publicado no Amazônia Jornal em 27 de dezembro de 2005

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Um pessoal para pessoas apessoadas

          Outro dia estava pensando nas minhas manias, quem não tem manias que atire a primeira pedra? Sim, vamos envelhecendo e elas vão se multiplicando que nem gremlis na água. E quando passamos a morar só, aí nem se fala, é quando realmente elas saltam aos olhos dos outros. Contudo, naturalmente, como todo louco, nós os donos das manias, somos perfeitamente indiferentes a elas. Por exemplo, outro dia, estava vendo este vídeo postado abaixo - sempre que possível dou uma espiada nesses temas simplesmente porque trata-se de uma mania, aliás uma mania inocente e antiga. Bom, como eu ia dizendo, este vídeo faz do complexo photoshop, um brinquedinho de criança. 
        Na realidade, sempre tive vontade de duelar com sabres de luz, um desejo que me acompanha desde a adolescência. Por muitas vezes, pensei em dedicar algum tempo para aprender os mistérios do maravilhoso mundo da computação gráfica.  Vemos que a cada ano surgem novos programas de edição de vídeos, com cada vez mais recursos, permitindo que cada vez mais pessoas, consigam obter efeitos comparáveis à Hollywood. Ora, sim, porque não? Exagero? Assista você mesmo(a) ao vídeo abaixo e confira as possibilidades incríveis que estes programas são capazes  de realizar. Imagino que há dez anos, era assim que o Spilberg fazia ficção científica.
       Mas já que se trata de um post pessoal, para pessoas apessoadas, preciso caracterizar melhor essa mania, que como dito, é ingênua e inocente se comparada a outras. Pois bem, então vamos lá: quando eu assisto vídeos caseiros como este, me imagino na pele dos personagens, lutando bravamente e com toda a habilidade, contra alguma amiga louca como eu, você por exemplo Tatiane. Mas, existe um problema. Ao mesmo tempo em que tutoriais e programas de produções de vídeos surgem aos montes na internet, o sonho de me tornar um “espada one Jedi” se distância de sua concretização. Porquê? Simples, à medida que envelhecemos deixamos de nos dar ao luxo de realizar certos caprichos de adolescentes (é a lei da vida, não discuta) e neste caso específico, talvez fosse mehor poupar meus amigos da grotesca cena, pois estaria mais para uma "comédia trash” que propriamente uma aventura caseira.
        Mas, fato é que  com o passar dos anos, além da progressiva escassez de tempo ao lazer (diga-se de passagem, devido ao permanete esforço em garantir a construção de uma futura família feliz e uma bela aposentadoria), temos que enfrentar as conseqüências nefastas da idade que avança e da mente que trava. Em consequência,  torna-se  mais dificíl a assimilação rápida e eficiente de conhecimentos além de nossa "zona de conforto", deliberadamente contida no conjunto de saberes inerentes de nossa área de atuação profissional. Ou seja, dizendo de outra forma, lamentavelmente, estarrecedoramente, desconcertantemente  - detesto dizer isso em público, mas atendendo ao pedido de uma certa amiga leitora assídua e fã incondicional de meu blog -  temo estar, para alguns assuntos, entrando num perigoso processo de “emburricamento”.
        Contudo a boa noticia é que não entrego os pontos assim tão fácil. Nada disso. Pego todas as armas disponíveis e vou adiante, à luta. Mato um leão ao dia e outros tantos demônios a noite... eita, são apenas termos anedótico, viu Rosyvaldo, Adriana, Bruno e demais amigos da Bio! Juro que não me refiro aqueles que me assombraram em Salvador. Estes demônios do presente têm nomes; chamam-se impaciência, imediatismo, pressa entre outros.
       Foi preciso algum tempo até perceber que o autodidatismo nos brinda apenas em algumas áreas do saber, justamente aquelas as quais nos são mais familiares, aquelas as quais dedicamos maior tempo da vida. Nas demais áreas, precisamos contar com a boa e providencial ajuda dos amigos e amigas. Então finalizo dizendo tão somente que uma vida não valeria a pena ser vivida sem o convívio e o carinho das verdadeiras amizades. Agradeço aos meus amigos e amigas e em especial a você Tatiane, motivo destas linhas, pois quem sabe um dia possamos realmente duelar contra forças malígnas manipulando um sabres de luz, tudo é claro, em nome da boa e velha amizade.

O resultado em super produção doméstica


Tutorial: como fazer estes efeitos incríveis