Este é um espaço predominantemente pessoal e familiar, mas não se limita a esta categoria. Tem como proposta fundamental apresentar pensamentos, relatar experiências, propor discussões, criar novas amizades e consolidar as já existentes.

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sexta-feira, 29 de junho de 2012

O caminho da educação formal

Esse post originou-se de um outro semelhante, encontrado no blog da Tatiane Souza. Mas por algum motivo, a postagem dela teve a imagem bloqueada, fenômeno ocorrido por toda a internet. Quem sabe isso tenha ocorrido devido a direitos autorais. Seja como for, apresso-me a referenciar os devidos créditos na tentativa de evitar futuros problemas legais.
Esta imagem foi adaptada por mim e representa o Diagrama de Matt Might, professor de Ciências da Computação na Universidade de Utah (EUA). Ele completou seu calombinho na Georgia Tech em 2007 e agora ajuda seus alunos a completarem os seus.
Bom, então continuando, o que é o doutorado? Imagine que o círculo corresponda a totalidade do conhecimento humano. Quando você termina o ensino fundamental, aprende um pouquinho (ponto azul). Ao terminar o ensino médio, avança um pouco mais (círculo verde). Ao concluir a graduação, avança mais (círculo lilás). Com o curso de especialização, aprende mais (protuberância lilás). Com o curso de mestrado você aprofunda o conhecimento sobre uma área específica (vermelho). Com o curso de doutorado ( ou PhD), seu aprendizado finalmente encosta no limite do conhecimento humano (prosseguimento em vermelho). Insistindo mais uns anos no estágio de pós-doutorado você extrapola o círculo do conhecimento humano ( corresponde ao calombinho saindo do círculo). Mas é claro, se você possui outros interesses na vida, não esqueça de dimensionar suas prioridades e continue sempre ultrapassando os seus próoprios limites.

Conclusão de mais uma etapa

E então chega uma época em que os convites ficam prontos e são entregues a banca. Época boa em que as versões do trabalho já não voltam até nós tão vermelhas, visto que as correções se restringe a detalhes e formalizações. Ainda assim, as noites são longas e os dias são curtos e o sono parece desistir de nós. Quando chega aquele momento em que deitamos e fechamos os olhos, surgem nossos amigos, os autores das referências bibliográficas. É um tal de Katz, Chaves, Pellegrino pra lá; Bichara, Soares, Rodrigues pra cá, Bina, Prata, Tibiriça pra acolá, e tome et al. Quando finalmente conseguimos dormir, lá estamos sendo sabatinado pelos avaliadores no “dia D”. Como diz a canção: “ai, ai, ai-ai, tá chegando a hora.."

Camilo Salgado, 10 anos

Diz-se que de médico e louco todo mundo tem um pouco, mas de médico e santo só alguns. Dentre as personalidade paraenses consideradas milagrosas, destacam-se: Crasso Barbosa (1886-1819), João Carlos Maciel (1941-1987) e Camilo Salgado. O dr. Camilo Henriques Salgado Jr., nasceu em Belém na casa n.110 da antiga rua Cruz das Almas, atualmente Arcipreste Manoel Teodoro, no dia 22 de maio de 1874 e falecido em 2 de março de 1938. Seu pai, Camilo Henriques Salgado era lente de Pedagogia da antiga Escola Normal e foi quem emprestou o nome a Escola que, no dia 28 de junho de 2002 (há exatos 10 anos) acolheu-me como professor de Biologia fazendo parte de minha história profissional desde então. Várias pessoas devotas ao médico utilizam uma oração para invocar seus poderes curativos, inclusive publicando-a em jornais como sinal de agradecimento. A prece está assim escrita:
“Deus misericordioso, te agradecemos a felicidade que nos destes, dando o poder ao Dr. Camilo Salgado de ajudarnos a receber as curas dos males que nos afligem, e a caridade e o amor ao próximo, constitui uma prova para nossa fé. Cremos em ti, e na tua bondade infinita, Dr. Camilo Salgado não podemos ir onde te encontras mas tu podes vir até nós. Ouve nossas preces, atende nossos pedidos. Ampara nas provas da vida e vela todos quantos te são caros. Protege-nos como puderes, suavizando os pesares, fazendo-nos perceber pelo pensamento que és mais ditoso agora e dando consoladora certeza, de que um dia estaremos todos reunidos num mundo melhor e que seu progresso espiritual seja cada vez maior. (Associa 1 Pai Nosso e 5 Ave Maria).”
Homenageando essa grande personalidade paraense que conquistou a simpatia de intelectuais e populares, Lucia Simões escreveu:

"Manhã de chuva! O céu triste e cinzento
Pende a chorar sobre a cidade triste!...
Com profundo e sincero sentimento,
Te vemos passar, ó mestre que partiste.
A cidade enlutada, comovida,
Acompanha-te a última morada
Evocando com mágoa enternecida,
Tua figura santa e venerada.

Apóstolo do bem e da caridade,
Tua alma excelsa e cheia de bondade
Voou ao céu a cumprir outras missões!...
Mas não morreste, afinal, mestre querido
Pois continuas para nós bem vivo
"Em nossas almas e em nossos corações."

Ciência e diversão

Este jogo foi um ícone nos anos 80 que nos divertiu muito. Dentre as várias fórmulas químicas, havia uma solução de coloração rosa muito popular, produzida a partir da combinação de quatro substâncias (água, fenolftaleína, hidróxido de amônia e álcool etílico) chamada de “sangue do diabo”.
A graça da brincadeira era borrifar a solução sobre a roupa (de preferência branca) de uma pessoa alheia ao experimento e, fazê-la pensar que o tecido ficaria manchado para sempre. Acontece que após alguns minutos, a mancha desaparecia como mágica. A explicação era simples, a fenolftaleína fica rosa na presença de base e o hidróxido de amônio (NH4OH) é uma base volátil que se decompõe facilmente em NH3 e H2O (amônia e água). Quando o líquido era jogado sobre o tecido, a amônia evaporava e o meio tornava-se neutro, fazendo a fenolftaleína voltar a ficar incolor.
Certa vez, Hans, Fred e Cezar me desafiaram a jogar o tal “sangue do diabo” sobre a camisa do Toninho, colega mais velho, de pavio curtíssimo e que até então desconhecia aquela "mágica". Não deu outra,  por pouco, mas por pouco mesmo, o Toninho não produziu uma reação de coloração roxa no meu olho esquerdo. Nunca mais esqueci a reação NH4OH NH3↑+ H2O que um dia salvou a minha vida.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Língua, essa danada.




Vitórias conquistadas são, evidentemente, boas de serem lembradas, divulgadas e compartilhadas, seja como forma pedagógica de exemplificar a superação dos obstáculos em busca dos objetivos pessoais, seja como expressão de liberdade, felicidade ou mera liberalidade. Contudo, todos nós, em algum momento, precisamos olhar para o espelho e lembrar quem somos realmente. Isto definitivamente não é um exercício simples e frequentemente praticado, pois requer uma qualidade escassa, a blindagem emocional, já que é muito dificil encararmos os próprios fracassos. Neste sentido, eventualmente, costumo falar dos meus insucessos, seja durante conversa informal com meus alunos, numa rodada com amigos ou mesmo compartilhando publicamente na internet (blog, etc.). Agindo assim, acredito que isso me ajude a manter os pés nos chão. Seja como for, a opção em viver discretamente ou escrachadamente traz riscos de ataques e maledicências ou elogios e admirações, consequências diretas da natureza humana. Sendo assim, o melhor a fazer é manter-se sereno e alerta. Sereno para não adoecer gratuitamente, alerta para representar judicialmente contra o infeliz difamador. Para aqueles que se identificam com a mensagem, fica a sabedoria do filósofo Platão, que já divagava sobre o assunto: “Calarei os maldizentes continuando a viver bem; eis o melhor uso que podemos fazer da maledicência”, e a pop star Madonna: “Sobre mim falem bem ou mal, mas falem”.

domingo, 10 de junho de 2012

Lições do Mestre


Continuando a série “passado com os amigos”, lembrei de uma aula de neuroanatomia do professor Dr. Eduardo Leitão no ICB. A turma estava reunida em círculo em torno das peças, como de práxis. Dizia o professor: “observem a fissura longitudinal separando os dois hemisférios cerebrais; também vemos aqui os sulcos lateral e central, paralelo aos giros pré-central e pós-central”. Em dado momento, uma colega interrompe a explanação, incidindo seu dedo indicador sobre a peça anatômica e indagando qual seria o nome daquele sulco cujo professor havia ignorado. O professor olhou para nós e disse: o nome deste sulco turma, chama-se brutalidade humana, em seguida, deu gostosa gargalhada. Levamos uns segundos até entender a piada. O sulco em questão não era uma marca natural do cérebro, era tão somente um sutil dano provocado pela serra elétrica no momento do corte da calota craniana, por parte dos preparadores das peças. Este era o professor Leitão, grande mestre.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Capturando luz

 


E então os sensores eletrônicos chegaram até nossas mãos substituindo os filmes de 35 mm como o fogo roubado dos deuses. Esse presente precioso permitiu com que nós, entusiastas mortais, trouxéssemos ao mundo novas concepções, destruindo e reconstruindo paradigmas, minando vaidades e ao mesmo tempo incomodando e alegrando muita gente. Neste contexto, pergunto-me qual seria meu objetivo? Em primeiro lugar busco meu prazer incondicional. Portanto, capturo luz para mim mesmo como uma terapia do sossego. Aquele lápso de tempo entre o enquadramento da imagem e o pressionar do obturador é sem dúvida uma experiência mística cujo os olhos de Deus pegamos emprestado. Neste exercício de reflexão e satisfação pessoal, definitivamente não há pretensões de lucro ou aspirações de destaque no meio artístico. Em segundo lugar vem o desejo de mostrar as pessoas queridas, amigos e familiares o quanto o mundo pode ser mais interessante do que supomos. Seja como for, fotografar requer concentração, inspiração, desejo, atenção aos detalhes finos, percepção das coisas simples a partir de um olhar filosófico do Universo o qual pertencemos. Fotografar é, sobretudo, uma brincadeira divertida e contagiante. Em fim, fotografar é poesia, é ter algo a dizer e dizê-lo, com humildade e resiliência. Um brinde aos sensores eletrônicos.



sábado, 2 de junho de 2012

Seu Tuna e as coisas de moleque

Ele era chamado de Tuna, um senhor beirando os oitenta anos, cuja marcha se caracterizava por um acentuado encurvamento do corpo para diante, mantendo a cabeça suspensa a frente, com os braços para trás em equilíbrio. Passos lentos e vacilantes, aquele senhor de origem interiorana insistia em realizar um breve percurso da sua residência até a mercearia da esquina. Diziam que ele era pescador, mas nem seu sobrinho Getulio sabia ao certo. Veio morar com sua irmã, dona Dica.
Toda tarde sentava-se num banquinho simples de madeira em frente a sua casa. O velho era lúcido, apesar das marcas do tempo. Seu Tuna não perdia um lance. Com um olhar atento, soltava uma rouca e breve gargalhada ao avistar um caminhar feminino.
Mas isso era quando estava sentado, porque quando estava perambulando e em seu caminho viesse uma mulher em sua direção, corrigia sua postura corcunda, posicionando seus braços para diante a fim de permanecer em posição ereta até onde conseguia alcançar. Em seguida ouvia-se a típica gargalhada. Esse era seu Tuna, o velho Tuna.
Certa vez seu sobrinho com muita dificuldade tentava soltar sua mão direita, firmemente segura no gradil do muro da casa. Seu Tuna estava paralisado a meio caminho entre ficar em pé e sentado em seu banquinho.
Aconteceu que ele perdera o equilíbrio ao tentar sentar-se e comedo de cair, agarrou-se por reflexo e ali permaneceu gritando por socorro: “Ajuda Dica, puta merda... Dica, Dica!”.
A cena não tem nada de engraçado, é triste, mas ainda assim virou piada lembrada até hoje. Não poderia ser diferente, na época éramos jovens e tolos para conter a risada diante de nosso amigo ajudando seu tio que em alto e bom tom esbaforia impropérios aos quatro ventos. Hoje quando reencontro aqueles velhos amigos, nosso cumprimento inicial é invariavelmente: “fale Dicaaaaa!”

Quadrilhas juninas



Noite timidamente estrelada, gradativamente aumentava a animada concentração. Nossa cerimonialista Eliana, sempre gentil e cativante, coordenava a formação inicial de mais um ensaio. Inevitavelmente, alguns púberes, motivados por seus hormônios, trocavam olhares apaixonados sem pudores, outros simplesmente brincavam, gargalhavam ou corriam fortuitamente. Mas todos estávamos ali com o desejo sincero de dançar quadrilha. Quando a música começava e os primeiros passos se faziam presente, uma atmosfera contagiante tomava conta de nossas respirações e transpirações, permitindo com que aquela típica dança, agisse como uma poderosa força de atração coletiva, mantendo-nos coesos e indiferentes ao avançar das horas. Era a magia das festas juninas na Rua dos Mundurucus nos idos de 1985, com direito a fogueira do seu João (pai do Junior), mingau da Dona Sabá, simpatia de Dona Margarida, dona Maria Luíza, dona Celeste, Dona Marília, e tantas outras. Estou certo de que aqueles que como eu, experimentaram essa manifestação social, não deixam de sentir, mesmo que discretamente, um embargo na garganta e um "cisco no olho" ao ouvir “Fim de festa” de Luiz Gonzaga. Então: Balancê!