Este é um espaço predominantemente pessoal e familiar, mas não se limita a esta categoria. Tem como proposta fundamental apresentar pensamentos, relatar experiências, propor discussões, criar novas amizades e consolidar as já existentes.

Pesquisar este blog

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Anatomia tão Humana

Ainda no primeiro ano de Medicina, lá estava eu enfiado no laboratório de anatomia da UFPA como de práxis. Pelas janelas do laboratório a luz suave do fim da tarde iluminava o ambiente contrastando com a fraca luz artificial das iluminarias. Entre o folhear das páginas do “Sobotta” (tradicional atlas de Anatomia humana), as horas passavam em meio aquele mórbido silêncio. Deitado em decúbito dorsal sobre a mesa de dissecção, um gélido compatriota expunha todo o esplendor de seus órgãos à prospecção do estudo. Sim, naquele instante, flertava com um ser humano falecido e que havia emprestado seu corpo para estudos de anatomia. Vem isto a dizer que não se tratava de um cadáver, posto que este termo vem do Latim carna data vermis, que significa “carne dada aos vermes”, e obviamente que num laboratório de anatomia, isto não estaria acontecendo.
Entre a manipulação de um órgão e outro, pus-me a refletir sobre o significado daquele ato. Fiquei imaginando quantas coisas bonitas aqueles olhos teriam contemplado? Que ofício teria praticado aquelas mãos? Por certo, estava diante não apenas de um amontoado de tecidos e órgãos, mas sobretudo, de um ser humano que em vida, certamente sorriu, chorou e amou.
De repente minhas elucubrações foram interrompidas por uma voz grave que lenta e pausadamente começou a falar: “caro amigo de muitas horas, não tive as mesmas oportunidades que tivestes. Fui um indigente na vida, discriminado, odiado, esquecido e abandonado. Por toda a minha vida esperei um ato de carinho e acolhida, mas nunca os encontrei.” E assim continuava quela voz...
“ - Ao morrer, permaneci algum tempo num freezer a espera de reconhecimento e gratidão, seja de meus familiares ou conhecidos, mas infelizmente isto nunca aconteceu. Jamais tive um funeral, por mais simples que fosse.
Por sorte fui acolhido por esta honrosa Universidade que me deu guarida permanente em companhia de mentes brilhantes e sedentas de conhecimento.
Nunca havia entrado numa Universidade em vida como vim a fazer no post mortem. Desta forma, sinto-me gratificado em ver o brilho nos olhos daqueles que aqui adentram a manusear-me na esperança de salvar vidas. Não obstante, quão poucos dentre vós se compraz a refletir sobre o significado de seus “instrumentos de estudo”.
Não raro, sou tratado com profunda indiferença, vitima de brincadeiras jocosas e humilhantes que me entristecem e me envergonham. Que insensatez atroz!
Por fim queria apenas agradecer a oportunidade de ajudar e colaborar. Sou grato principalmente àqueles que me respeitam enquanto ser humano. Sim, porque é isso que fui, é isso que eu sou e é isso que continuarei a ser enquanto existir algo em mim, que seja útil a vós“
Naturalmente que tudo não passou de uma cáustica imaginação, motivada pela “dor de consciência” e inspirada nos escritos de Michel Palheta, o qual também tem manifestado igual preocupação ante a referida questão. Isso indica-nos que a falta de sensibilidade da comunidade acadêmica em geral, não faz parte apenas de eventos circunstanciais, mas correspondem a fatos estruturais, presentes em muitas instituições de ensino superior com áreas de saúde.
Não podemos nem devemos permitir que pela nossa indiferença sejamos levados a praticar a trivialidade de um estudo destituído de reflexão e compaixão. Do contrário, converteremos o logro de nosso aprendizado em objeto de ação discriminatória e fugaz. Daí porque gostaria de ver pautado nesta questão, a adesão de todos aqueles que se dedicam ao estudo de anatomia.
Em passant, imprescindível se torna, pois, que, antes de nos arvoremos no alto de nossa sapiência, façamos uma reflexão sincera sobre a ética profissional de nossos atos. Sejamos mais humildes e mais humanos, respeitando à memória dos que já se foram. Estes mais do que nunca, se dignificam ao prestarem relevantes serviços à sociedade ensinando-nos sobre nós mesmos.
Infelizmente ainda vivemos sob o prisma de que devem ser tratados igualmente os iguais, e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades, e isto a mim parece o reflexo exato da irascível anatomia tão humana do orgulho e da vaidade. Contudo, são merecedores de encômios todos aqueles que se lançam com o coração sincero, com amor, com respeito e dedicação, ao estudo do corpo humano, cujos segredos a natureza tão generosamente nos prodigalizou.

                                               (O Liberal, 11-12-02)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Dicas de como fotografar como um profissional (9)

A seguir, comento alguns aspectos gerais que podem ajudar no desenvolvimento de sua prática fotográfica, citando como proceder tecnicamente de acordo com algumas situações específicas que por ventura venham a se apresentar. As dicas foram extraídas de alguns livros sobre fotografia e portanto, são dicas de gente que tem estrada pela frente, fotógrafos muito experientes. Eu mesmo testei algumas delas como exercício e de fato, minhas fotos melhoraram consideravelmente, pelo menos na opinião da minha namorada (rsrs).
Pois bem, em fotos de viagens é interessante incluir as pessoas do lugar, não tire fotos de multidões; crianças e velhos são mais adequados e tornam suas fotos mais originais, não esquecendo de remover durante o enquadramento, aqueles elementos que desviam a atenção, ou seja, procure compor em fundo simples, sem muitos detalhes. Dê preferência a aberturas grandes do diafragma, para que você obtenha profundidade de campo curta, incidindo exatamente o foco sobre o assunto desejado.
Geralmente para retratos os especialistas recomendam f.8 ou f.2.8 Tente captar a personalidade da pessoa fotografada. Lembre-se que o mais importante em retratos não é a pessoa e sim a luz, é eu sei, parece um contrasenso, mas tente mudar a preocupação e verá que vai dar certo. No close up os olhos devem ficar preferencialmente localizados no terço superior do enquadramento, assim você transmite harmonia.
Se fotografar flores, escolha à hora mágica ou os dias nublados, pois estes oferecem a melhor luz. Também podemos obter resultados satisfatórios se fotografar após a chuva, pois as gotículas de água presentes nas flores geram imagens encantadoras. Já no caso de fotos de paisagens, o ideal é utilizar um tripé e fotografar na hora mágica (a hora mágica é aquela no final do dia, ao entardecer, dura apenas alguns minutos, então, seja rápido), com prioridade de abertura (AV). O uso de filtro degrade de densidade neutra ajuda muito no controle da exposição entre o primeiro e os demais planos durante a composição. O tripé se justifica porque ao utilizar uma abertura pequena para melhor nitidez e profundidade e, ISO baixo para reduzir o ruído, você vai precisar baixar a velocidade e, por conseguinte, a câmera não poderá ficar sobre suas mãos, caso contrário, a imagem não será como aquelas de revistas (rsrs). 
Ao contrário do que muitos imaginam, os especialistas sugerem fazer fotos panorâmicas capturando toda a seqüência da cena (multiplas fotos) na posição vertical e não na horizontal, para posteriormente, uni-la durante a pós-produção a partir dos programas de edição. Fica uma maravilha. 
Vida selvagem: mire sempre nos olhos, mas não atire, clic apenas (rsrs). Quero dizer que o foco deve estar sempre... sempre sobre os olhos do animal, o resto não interessa (rsrs). Cuidado para não "enjaular o animal", dê espaço para ele, sobretudo diante de seu olhar. No esporte use altas velocidades para congelar a ação do atleta ou, se preferir, use baixas velocidades para mostrar o movimento da ação produzindo aquelas típicas fotos borradas (que eu particularmente não gosto), mas nesse último caso, é preferível usar um monopé para obter resultados profissionais.
Nas cenas urbanas procure objetos com cores vibrantes e com alto contraste. Não vá ao todo, vá aos detalhes usando geralmente f.11 para obter maior profundidade de campo. Evite poluição visual, procure a simplicidade, procure mostre o movimento e a vida da cidade, sobretudo a noite. E finalmente, as duas últimas superdicas dos especialistas: Se não usar um tripé, o segredo para conseguir fotos nítidas está em usar velocidade igual ou acima da distância focal máxima da objetiva. Quanto a melhor abertura,  geralmente ela está a dois f-stops completos abaixo da abertura máxima da objetiva. ISO, evite sempre que possível ISO elevado, tente ajustar os parâmetros de velocidade, abertura e exosição de modo a poder utilizar o menor valor de ISO possível, assim você se livra do ruído.

Entre subexpor e superexpor a foto, há controvérsias, eu particularmente, prefiro superexpor a fotografia, porque depois é mais facil a correção (o escurecimento). Se proceder do contrário, entretanto, você vai ganhar ruído aumentando assim a mão de obra na pós produção, pois além da correção da exposição, ainda terá que remover ou reduzir o tal ruído. Ruídos são equelas irritantes granulações que surgem geralmente bem visível nas áreas escuras da fotografia, há quem goste, aliás, em algumas situações artísticas o ruído é muito bem vindo obrigado.

 Em matéria de fotografia, existem regras, mas elas podem e devem ser quebradas de vez emquando, desde que essa rebeldia tenha uma coerencia interna, obedecendo um padrão aureo de harmonia visual estabelecido naturalmente pela própria natureza fisiológica de nosso olhar. Até a próxima.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ufologia: Ficção ou Realidade ?


 A Ufologia é a ciência que investiga a existência de vida extraterrestre e fenômenos correlatos, tais como os controvertidos objetos voadores não identificados. Em agosto de 1985 no auditório da Embratel em Belém, ocorreu um evento que jamais esqueci. Eu e meu primo André Malcher de Almeida, ambos com 11 anos de idade, saímos daquele evento maravilhados e com muito assuntos para contar. Meu pai sempre manifestou interesse sobre Ufologia, chegando a reuniu uma interessante coleção de recortes de jornais e revistas sobre reportagens relacionadas aos objetos voadores não identificados ou OVNI.
       O referido evento exibiria um filme constituído de uma coletânea de vários documentários e registros sobre evidencias da presença alienígena entre nós, seguida de relatos de autoridades no assunto e de pessoas convidadas que tiveram contatos imediatos, portanto tratava-se de uma sessão restrita e direcionada a Ufologistas. Porém, meu pai ao tomar conhecimento, deu um jeito de participar e ainda por cima, conseguiu mais duas entradas, garantindo a presença das duas únicas crianças no evento. Embora meu pai nunca tenha sido ufologista de verdade, seu entusiasmo sobre o assunto o credenciva a realizar tais proezas "heróicas e misteriosas".
  Falar sobre Ufologia requer certa dose de coragem, pois em geral, provoca sentimentos que variam do mais sincero encantamento, a mais completa repugnação. Evidentemente que a Ufologia não constitui uma ciência propriamente dita, contudo, na medida do possível, ela faz uso de critérios científicos para empreender sua investigação e elaborar suas explicações a cerca dos fenômenos que potencialmente evidenciem a existência de vida inteligente extraterrestre.
  Com o fim do acobertamento das informações oficiais sobre OVNI a partir da campanha “Ufos, liberdade de informações já” trilhada pelos Ufologistas em todo o Brasil, a Ufologia começou a ganhar maior visibilidade e credibilidade junto a opinião publica, sobretudo, entre a intelectualidade universitária. Obviamente que diante do status quo, convém mantermos a postura cética, tratando este assunto com cautela e bom senso, mas por outro lado, conservando a mente aberta, estando sempre atento ao charlatanismo ludibriador, ao dogmatismo preconceituoso e ao misticismo mutilador que tanto empobrece a grandeza do espírito humano, a exemplo do clero católico que se recusava sistematicamente a enxergar as evidencias do heliocentrismo, mesmo observando pistas através da luneta de Galileu, provando que o pior cego é aquele que não quer ver.
  O acesso a documentos sigilosos arquivados em órgãos civis e/ou militares foi garantido pela a medida provisória 228 de 2004, visando a normatização dos trâmites legais e a compatibilidade entre o inciso 33º do Artigo 5º da Constituição. Após a aprovação na Câmara dos deputados, a MP 228/04 foi enviada ao Senado e aprovada sem modificações. Em seguida, foi sancionada e ratificada pelo presidente Lula, transformando-se na Lei 11.111 em 05 de maio de 2005.
  Esse fato foi uma grande conquista para a Ufologia nacional, proporcionando mais oportunidade para sua credibilidade metodológica de investigações. Com o acesso aos registros oficiais, o delicado trabalho de separar a ficção da realidade deverá ser mais eficiente e promissor. Neste fértil campo onde os fatos facilmente se confundem com fraudes e fenômenos naturais, as informações sobre avistamentos multiplicam-se pelo mundo todo engrossando o caldo das especulações. Contudo, cabe aqui a pergunta: Estaríamos de fato sós no universo? Porque diante da imensidão do espaço sideral, com bilhões de bilhões galáxias e estrelas, apenas nosso modesto planeta teria o privilégio de possuir condições favoráveis à evolução de vida inteligente?
      Recordemos quatro casos famosos da literatura ufológica mundial: a) O Caso Roswell: sugere a queda de uma nave alienígena no deserto do Novo México (EUA) em 2 de julho de 1947 incluindo a captura de seus tripulantes os quais são mantidos conservados para estudos; b) Operação Prato: implementada pela aeronáutica com a intenção de investigar o pânico generalizado que tomou conta da Ilha de Colares, PA em 1977, fenômeno que ficou popularmente conhecido como “o chupa-chupa”, em referência a luz misteriosa vinda do céu e que atingia os moradores deixando queimaduras na pele sem paralelos na literatura médica; c) O caso ET de Varginha: ocorrido em 20 de janeiro de 1996, quando criaturas humanóides foram vistas num terreno baldio, somando-se a luzes avistadas por várias testemunhas nos céus da cidade de Varginha, MG, o que mobilizou o comando do exército e vários orgãos oficiais do estado; d) A noite dos OVNI: ocorrida em 19 de maio de 1986 quando um grupo de caças da força aérea brasileira foram acionados com a missão de perseguir luzes misteriosas nos céus do Rio de Janeiro e Goiás. Esta operação foi confirmada com a declaração do ministro da aeronáutica Moreira Lima que admitiu publicamente o ocorrido através de entrevista coletiva junto a imprensa.
  Diante destes episódios inexplicáveis sob a óptica de nosso conhecimento acumulado dos fenômenos naturais, aceitar a possibilidade da existência de vida extraterrestre é algo que a humanidade ainda não está psicologicamente preparada, pois abalaria violentamente a estrutura de nossos valores sociais e a base de nossas convicções religiosas, abrindo precedentes para conseqüências imprevisíveis na ordem mundial. Aliás, este é o principal argumento que as autoridades usam para justificar o sigilo absoluto das evidências incontestáveis sobre a existência do chamado “tráfego hotel”, ou seja, a presença dos OVNI de origem extraterrestres.
Ademais, se considerarmos a possibilidade matemática de que pelo menos 1% de todos os registros documentados na literatura Ufologia mundial tenha casuísticas realmente extraterrestres, isso já seria suficiente para causar uma verdadeira revolução cultural. Neste sentido, muitos cientístas já admitem a possibilidade de vida extraterrestre inteligente e a NASA há algumas décadas vem desenvolvendo projetos para investigação de ETs. Não há dúvida de que a comunicação com uma civilização extraterrestre seria a maior revolução que a humanidade poderia experimentar ao longo de toda a sua história e as nações disputam silenciosamente para ver quem chega primeiro.
     Não obstante, enquanto esse dia não chega, esqueçamos por alguns minutos nossos dramas pessoais e compromissos profissionais para dedicarmos apenas alguns minutos a uma breve espiada no firmamento durante uma límpida noite de verão. Se não obtermos a emoção fortuita de avistar um OVNI, ainda assim já teremos logrado êxito se percebermos o quão pequenos e indefesos somos diante da imponente e descomunal grandiosidade do universo. Cabe aqui uma interpretação sugestiva para as palavras do Cristo na sua celebre frase bíblica: "na casa de meu pai há muitas moradas".

domingo, 19 de junho de 2011

Dicas de como fotografar como um profissional (8)

Sobre a profundidade de campo.
   Profundidade de campo ou simplesmente DOF é tudo aquilo que se encontra após (atrás) do assunto principal em uma fotografia. É possivel se obter um DOF amplo, por exemplo em fotos de paisagem, onde todos os elementos precisam estar em foco (nitidez em todos os planos da imagem), ou podemos produzir um DOF raso a ponto de obtermos um foco apenas no primeiro plano da fotografia, deixando desfocado todo o resto atrás do assunto principal. Portanto, o DOF corresponde ao espaço em que existirá foco na imagem captada, ou seja, é a quantidade de área que está nítida na fotografia. O DOF é determinado a partir de quatro parâmetros ou condições que são: a) Distância focal, b) Distância da câmera ao objeto, c) Tamanho do sensor eletrônico, d) Abertura do diafragma da objetiva.
    Então, quanto maior for a abertura do diafragma, menor será o DOF (F-stop pequeno, menor DOF). Quanto menor o sensor, menor será o DOF. Câmeras compactas possuem sensor menor que câmeras DSLR e é exatamente por isso que as compactas são naturalmente propensas a produzir melhor fotografia no estilo macro do que em outros estilos fotográficos.
   Quanto maior a distancia focal, menor será o DOF, ou seja, fotografar uma pessoa a 300mm e a 50mm, conservando nas duas situações, o mesmo ângulo de abrangência do fotograma, o DOF será menor em 300mm do que em 50mm. Quanto mais próximo a câmera do assunto, menor será o DOF, pois os raios de luz provenientes dos objetos distantes tendem a formar menos círculos de confusão (desfoque) e por conseguinte, obtemos maior profundidade de campo quanto maior for nossa distância ao objeto.
    Bokeh é o nome que se dá para fotografias com DOF reduzidos, ou seja, com nitidez de foco apenas sobre o assunto principal, estando seu fundo completamete desfocado, gerando um belo efeito ao deter a atenção do observador no assunto principal por conta da ênfase que o foco raso proporciona. 
   Consequentemente, para se obter uma boa fotografia de paisagem, é necessário uma abertura de f.8 ou f.11 para que tudo esteja em foco. Retratos em ambeintes externos devem ter grandes aberturas, ou seja, f3.5 ou f2.8 ou menor, pois quanto mais aberto melhor será o efeito Bokeh e mais bonito ficará o retrato. Vale lembra que quanto menor for a abertura, menor quantidade de luz entrará na objetiva por intervalo de tempo, por isso, para se obter a exposição final adequada, devemos equilibar o valor da abertura com os outros parâmetros (velocidade de disparo e ISO).
   Contudo, valores de ISO muito elevados geram ruídos (granulações excessivas), mas isto será tratado no próximo post. Abordaremos, por exemplo,  alguns critérios importantes na hora de escolher qual câmera comprar, já adiantando que quantidade de megapixel não é tudo, as vezes muitos megapixels atrapalha. 

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Aos meus mestres, com carinho (1)

Já foi dito que uma das glórias máximas de um povo está no reconhecimento e valorização de seus professores, sobretudo, por estes constituírem os pilares da nação, centelha de esperança que lapida o destino de crianças e o caráter de adultos. Deste modo, motivado pelo desejo de homenagear meus saudosos professores do ensino fundamental e médio, rememoro fatos de épocas da infância e juventude, trazendo à público aqueles homens e mulheres anônimos, que fizeram parte de minha trajetória estudantil, emprestando suas vidas ao nobre ato de ensinar.
Nessa viagem pessoal, reporto-me aos idos de 1978 quando então, fui  apresentado ao lápis e papel. Residia no bairro do Umarizal, rua Oliveira Belo, passagem Brasília, casa de número 32. Dessa época, ainda guardo vivo na memória meu velocípede - um triciclo azul com detalhes brancos, - presente do lendário Noel.
Todas as tardes, dona Maria José, minha mãezinha, levava-me até a casa da “tia Socorro”, a primeiríssima personagem dessa aventura. Ali, funcionava uma rústica escolinha improvisada, a qual  acolheu-me carinhosamente, tornando aquelas tardes de infância ainda mais gostosas. Entre riscos e rabiscos, cantávamos, fazíamos orações, ouvíamos historinhas, brincávamos com joguinhos, tudo envolto numa contagiante atmosfera de alegria e diversão.
      No ano seguinte ao completar cinco anos de idade, ingressei oficialmente no sistema educacional formal “jardim”, o qual realizei no Núcleo Pedagógico Integrado (NPI) da UFPA. Nessa época o NPI possuia uma frota, salvo engano, constituída por dose ônibus destinados a condução dos alunos dessa escola. Todos belíssimos, com pinturas multicoloridas em formato de planetas e satélites. Lembro-me que ficavam estacionados em frente a escola, dispostos lado a lado, cada qual com uma numeração específica e com trajetórias distintas entre os diversos bairros de Belém.
     Quando a sirene da escola anunciava a hora da saída, nós, alunos do jardim, ficávamos atentos à espera daquelas pessoas que nos conduziram até esses ônibus. Nunca esqueci a ruidosa, mas cordial dona Nazaré que, os “berros” se aproximava de nossa sala de aula anunciando: “carro dez, carro dez, carro dez...!”.
   Ao ouvi-la, eu e os demais infantes, rapidamente formávamos um trenzinho humano e assim, seguíamos a estridente senhora até o respectivo ônibus que fazia linha para nosso bairro e cujo número era o dez.
  Segundo me consta, meu primeiro dia de aula em uma escola foi traumático e doloroso. Meu pai foi quem teve a também difícil tarefa de conduzir-me até a classe e me apresentar  aos colegas e a nova professora. No momento da despedida, ao perceber que ficaria "sozinho", agarrei-me firmemente em seus braços e aos prantos, protestava por não querer ficar. Por sorte, minhas chantagens emocionais nunca funcionaram. Algum tempo depois, percebendo a inevitabilidade de ter que encarar a situação, aquele moleque medroso foi se ambientado ao novo espaço, junto aos novos colegas de classe. Naturalmente uma classe repleta de olhinhos igualmente aflitos com a jornada que se iniciava.



    Foi no Jardim que conhecemos os números naturais. A “tia Marilaque” (nossa professora do jardim), nos ensinou pacientemente as vogais e as consoantes, contou-nos muitas outras historinhas,  brincadeiras variadas e de posse de lápis de cera e tinta guaxe, criávamos um novo mundo.
   Entretanto, como o NPI era destinado, na época, apenas aos filhos de funcionários da UFPA, em 1980 precisei mudar de escola, pois meu pai deixaria  da UFPA para ingressar nos Correios, empresa em que se encontra até hoje.
Assim, prossegui os estudos na Escola Estadual de primeiro grau “Paulo Maranhão”, localizada na Av. José Bonifácio, esquina com a rua dos Mundurucus. Nessa escola, realizei o “preparatório” também conhecido como alfabetização. Minha mestra foi a atenciosa professora Maria de Lurdes Bizerra Lopes, ilustre amiga da família e  por sinal, mãe de meu grande amigo de infância  Paulo André Lopes. Certamente, foi a “Tia Lourdes”quem me iniciou na indefectível cartilha do ABC e nos cadernos de caligrafia. Não preciso dizer que meu coração será eternamente grato.      ... (segue)

O Liberal. 20/03/2006

Invenção de anjos ou demônios?

A Imunologia é uma invenção do demônio.” Esta frase curiosamente escrita no prefácio de um livro de Imunologia, ilustra a opinião bem humorada de seus autores,  especialistas no assunto. Ela revela a angustia que estes experts possuem para manter o heróico esforço de se atualizarem nesse campo tão especializado do conhecimento humano, o qual se expande demoníacamente.
De certo modo a Imunologia é a ciência que trata da criação e aplicação de meios que possibilitem um estado de imunidade no organismo hospedeiro, protegendo-o de certos tipos de doenças. Esse estado de imunidade pode ser induzido através de vários tipos de vacinas, muitas destas disponíveis comercialmente.
Tudo começou em 1796 quando o médico inglês Edward Jenner descobriu a primeira vacina da história, imunizando um garoto de oito anos contra varíola. Em latim a palavra vaca escreve-se “vacca”, e da mesma forma varíola bovina escreve-se “vaccinia”, desse modo, Jenner empregou pela primeira vez o termo vacinação para descrever o processo de inoculação da varíola bovina, para conseguir imunidade contra a varíola humana, fundando dessa forma a ciência da Imunologia. De lá para cá muita coisa mudou, porém, o princípio fundamental para se atingir o estado de imunidade ainda é basicamente o mesmo.
De um modo simplificado, a produção de vacinas se baseia na utilização de microorganismos vivos atenuados, microorganismos vivos inativos ou extratos processados a partir de componentes destes microorganismos, os quais podem estimular duas faces da resposta imune, caracterizadas pela formação de anticorpos (resposta humoral) e pela imunidade ligada as células (resposta celular). Entretanto, uma longa série de descobertas ocorridas nas últimas décadas, nos permitiu entender com mais clareza os fenômenos imunológicos, aperfeiçoando a produção de vacinas e soros.
Existe atualmente um estágio experimental na produção de vacinas a base de peptídios e a promessa de tão desejada vacina de DNA. Esta última, deve revolucionar o campo da Imunologia, pois apresenta uma série de vantagens econômicas, técnicas e logísticas, a começar pela sua produção, que é bem mais barata. Além disso, a manutenção do controle de qualidade é mais fácil e, sua comercialização não necessita de uma rede de refrigeração, pois essas vacinas, a rigor, são estáveis a temperatura ambiente.
Obviamente que estes fatores facilitam o transporte e a distribuição destas vacinas, viabilizando a transferência de tecnologia aos países em transição econômica, a exemplo do  Brasil. Somado a isso, as vacinas de DNA fornecem a informação genética necessária para que o organismo possa fabricar os antígenos necessários a indução da proteção desejada, estado que pode durar pelo resto da vida e sem o risco do organismo desenvolver as temerosas reações alérgicas, as quais constituem atualmente, um problema insuperável nas vacinas clássicas disponíveis.
Mas nem tudo são flores. Como possíveis desvantagens podem ser citadas a possibilidade de conseqüências desastrosas como a ativação de protooncogens - gens responsáveis pelo aparecimento de tumores (câncer), - ou a inativação de gens supressores de tumores, ou seja, os "gens mocinhos", aqueles que evitam o surgimento dos tumores. Como se não bastasse, pode ocorrer ainda a tolerância farmacológica. Contudo, nenhuma evidência desses fenômenos foi comprovada. Até o presente momento, testes rigorosos estão sendo feitos em modelos experimentais em diversos laboratórios pelo mundo e, em breve, estarão realizando testes em seres humanos. Mas antes que isso ocorra, esperamos que a Imunologia tenha se redimido do seu estatus demoníaco, sobretudo, entre os estudantes dos cursos básicos, e consiga atingir o adequado e providencial nível de ciência celestial.

Publicado em O Liberal, 02 de dezembro de 2005.

sábado, 4 de junho de 2011

Uma garota Nota 10

             Estava escrito à mão sobre uma folha de caderno, fortuitamente encontrada no banco de trás de meu carro, pois ela havia deixado distraidamente juntamenete com outros pertences. No auge de seus 18 anos, a garota gostava mesmo de escrever. Não recordo o título da redação, mas nunca esqueci a observação do professor: “Parabéns, você tem muito talento; a história está ótima, nota dez!” Por um certo tempo aquela redação permaneceu esquecida, perdida em minha estante no interior de algum livro.
Dia desses, vasculhando meus alfarrábios, a encontro com muita alegria. Então, recrio aqui a história fictícia mas quase real, de uma garota real, mas quase fictícia, que ousou preencher o vazio de minhas noites de inverno nos idos de 1997 e 1998. Não se trata aqui de um culto ao obsoleto, apenas uma gostosa recordação de uma inteligente e talentosa ex-namorada e a quem devoto essa singela homenagem pelos bons momentos que passamos juntos.
            Era domingo, uma típica manhã de inverno na cidade das mangueiras. Uma fina garoa teimava em cair sobre os caminhares apressados dos transeuntes. Foi ali que ela surgiu, trajando um vestido branco, aliás, não era apenas um vestido, era um longo com lugar para o pescoço e para os braços, parecendo mas roupa de primeira comunhão. Confesso que por um instante pensei que ela tivesse enlouquecido andando daquele jeito pela avenida Presidente Vargas.
           A certa altura permaneceu parada, deixando que eu a visse. Então,  aproximou-se e com os olhos cheios d’água, falou-me pausadamente: - Oi Alexandre, vim me despedir, pois estou indo embora, não dá mas para viver aqui. -   Antes mesmo que eu retrucasse, ela continuou - Estou indo porque dei-me conta de que meu apartamento está infestado por pequenos seres velozes e nojentos, que não sossegam enquanto não devoram meus restos de alimento, minhas roupas, meus papeis, meus pertences. Estão em todo lugar e já ameaçam minha higiene física e espiritual.
           Aquelas coisas asquerosas parecem querer vencer-me pelo cansaço e finalmente, acho que conseguiram. Não agüento mais aquelas corridas em zigui-zague, subindo pelos móveis, voando e fazendo aquele barulhinho infernal como chuva caindo em coberta de lona. E para completar, esses seres ainda possuem uma aparência dantesca, gerando ancias de vômito. Baratas me mordam!
         São tantas que mesmo durante o dia, vê-se o transito como se noite fosse. Cansei! Olha que eu tentei... tentei vários artifícios. De primeiro, comprei veneno líquido, depois pozinho, naftalina, inseticidas, fórmulas caseiras e até tentei com a presença de gatos no apartamento mas nada adiantou. Promovi um mutirão para cassa-las à chineladas e negatofe, detetizadores e nananina. Finalmente lá pelas tantas, tentei usar a diplomacia, implorando sentimentalmente que me deixassem em paz e logo, tive um ataque de risos ao perceber-me diante daquela situação ridiculamente absurda, sem dúvida um momento de pura insanidade.
         Em diversas noites, cheguei a ter alucinações pavorosas, enxergando baratas gigantes adentrando pela janela de meu quarto. Diante de tantos transtornos, cogitei algo que parecia a cura: ir embora para algum lugar distante. Quem sabe China, Afeganistão, Polinésia... claro! Polinésia. Sabe, esse nome sempre me chamou a atenção, poli (muitos). Mas qual seria a abundância nesse país? Baratas? Eca! Bom, vou arriscar, está decidido, partirei as cinco da tarde de hoje e vim te dar um último beijo.
        - Aquele foi o último dia em que meus olhos percorreram aquela pele morena, difícil de definir mas gostosa de ver. Se realmente ela foi morar na Polinésia, jamais fiquei sabendo. Contudo, desde daquele dia, estranhamente, nunca mais foi retirado da janela de seu antigo apartamento, localizado na avenida Gov. José Malcher, esquina com a 14 de março, uma placa que anunciava em letras garrafas: “alugamos ou vendemos, tratar no local, com Polinésio Barata, corretor e detetizador.” Até hoje fico pensando que estranha coincidência essa? Eca!

Publicado no Amazônia Jornal em 27 de dezembro de 2005

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Um pessoal para pessoas apessoadas

          Outro dia estava pensando nas minhas manias, quem não tem manias que atire a primeira pedra? Sim, vamos envelhecendo e elas vão se multiplicando que nem gremlis na água. E quando passamos a morar só, aí nem se fala, é quando realmente elas saltam aos olhos dos outros. Contudo, naturalmente, como todo louco, nós os donos das manias, somos perfeitamente indiferentes a elas. Por exemplo, outro dia, estava vendo este vídeo postado abaixo - sempre que possível dou uma espiada nesses temas simplesmente porque trata-se de uma mania, aliás uma mania inocente e antiga. Bom, como eu ia dizendo, este vídeo faz do complexo photoshop, um brinquedinho de criança. 
        Na realidade, sempre tive vontade de duelar com sabres de luz, um desejo que me acompanha desde a adolescência. Por muitas vezes, pensei em dedicar algum tempo para aprender os mistérios do maravilhoso mundo da computação gráfica.  Vemos que a cada ano surgem novos programas de edição de vídeos, com cada vez mais recursos, permitindo que cada vez mais pessoas, consigam obter efeitos comparáveis à Hollywood. Ora, sim, porque não? Exagero? Assista você mesmo(a) ao vídeo abaixo e confira as possibilidades incríveis que estes programas são capazes  de realizar. Imagino que há dez anos, era assim que o Spilberg fazia ficção científica.
       Mas já que se trata de um post pessoal, para pessoas apessoadas, preciso caracterizar melhor essa mania, que como dito, é ingênua e inocente se comparada a outras. Pois bem, então vamos lá: quando eu assisto vídeos caseiros como este, me imagino na pele dos personagens, lutando bravamente e com toda a habilidade, contra alguma amiga louca como eu, você por exemplo Tatiane. Mas, existe um problema. Ao mesmo tempo em que tutoriais e programas de produções de vídeos surgem aos montes na internet, o sonho de me tornar um “espada one Jedi” se distância de sua concretização. Porquê? Simples, à medida que envelhecemos deixamos de nos dar ao luxo de realizar certos caprichos de adolescentes (é a lei da vida, não discuta) e neste caso específico, talvez fosse mehor poupar meus amigos da grotesca cena, pois estaria mais para uma "comédia trash” que propriamente uma aventura caseira.
        Mas, fato é que  com o passar dos anos, além da progressiva escassez de tempo ao lazer (diga-se de passagem, devido ao permanete esforço em garantir a construção de uma futura família feliz e uma bela aposentadoria), temos que enfrentar as conseqüências nefastas da idade que avança e da mente que trava. Em consequência,  torna-se  mais dificíl a assimilação rápida e eficiente de conhecimentos além de nossa "zona de conforto", deliberadamente contida no conjunto de saberes inerentes de nossa área de atuação profissional. Ou seja, dizendo de outra forma, lamentavelmente, estarrecedoramente, desconcertantemente  - detesto dizer isso em público, mas atendendo ao pedido de uma certa amiga leitora assídua e fã incondicional de meu blog -  temo estar, para alguns assuntos, entrando num perigoso processo de “emburricamento”.
        Contudo a boa noticia é que não entrego os pontos assim tão fácil. Nada disso. Pego todas as armas disponíveis e vou adiante, à luta. Mato um leão ao dia e outros tantos demônios a noite... eita, são apenas termos anedótico, viu Rosyvaldo, Adriana, Bruno e demais amigos da Bio! Juro que não me refiro aqueles que me assombraram em Salvador. Estes demônios do presente têm nomes; chamam-se impaciência, imediatismo, pressa entre outros.
       Foi preciso algum tempo até perceber que o autodidatismo nos brinda apenas em algumas áreas do saber, justamente aquelas as quais nos são mais familiares, aquelas as quais dedicamos maior tempo da vida. Nas demais áreas, precisamos contar com a boa e providencial ajuda dos amigos e amigas. Então finalizo dizendo tão somente que uma vida não valeria a pena ser vivida sem o convívio e o carinho das verdadeiras amizades. Agradeço aos meus amigos e amigas e em especial a você Tatiane, motivo destas linhas, pois quem sabe um dia possamos realmente duelar contra forças malígnas manipulando um sabres de luz, tudo é claro, em nome da boa e velha amizade.

O resultado em super produção doméstica


Tutorial: como fazer estes efeitos incríveis

domingo, 29 de maio de 2011

Os quatro mitos da educação médica

      Minha experiência na educação médica tem dois aspectos, um do lado do aluno e outro mais recentemente do lado do professor. Como estudante foi bastante conturbada, sobretudo, devido a necessidade que eu tinha de conciliar uma rotina profissional, pois a época eu já era professor de Biologia no ensino médio e trabalhava à noite. 

Como agravante minha turma experimentou um período de intensa transformação no âmbito do projeto pedagógico do curso de medicina na UFPA.
     Estas mudanças foram realmente necessárias e certamente trariam importantes benefícios ao curso e a formação médica. Neste período, pudemos identificar alguns mitos no processo ensino e aprendizagem, também percebidos por outros estudantes em outras faculdades pelo Brasil, o que nos faz concluir que se trata de um fenômeno generalizado, presente em muitas outras faculdades medica do Brasil que igualmente a UFPA, estão experimentando mudanças em seus currículos. Neste sentido o professor  Júlio  Voltarelli, em publicação na revista médica, examina quatro destes interessantes mitos. Vejamos:
1) O mito da observação clínica completa:
   Na educação médica tradicional, a qualidade da consulta médica,confunde-se com o preenchimento de todas as etapas (e das anotações correspondentes) da história clínica e do exame físico, incluindo a revisão dos sintomas e dos sinais de todos os sistemas orgânicos. Assim, qualquer curso de Semiologia Médica tem por objetivo terminal, a obtenção desta “observação clínica completa”, a qual, acoplada à sua análise adequada, constituía meta do próprio curso médico. Entretanto, esta tarefa hercúlea demanda tanto tempo e esforço para ser realizada, na forma preconizada nos manuais, que ela é raramente realizada ou avaliada, seja no final do curso de Semiologia, seja no término do curso médico. Os textos mais modernos de Semiologia já desmistificam a “história clínica completa” discutindo a utilidade de um “exame físico periódico” para detectar e prevenir doenças em indivíduos assintomáticos.
      Pesquisas randomizadas têm demonstrado que a realização do exame clínico direcional é perfeitamente capaz de reduzir a morbidade e a mortalidade a partir de um número menor de procedimentos semiológicos. Entretanto, não há dúvida de que o estudante de medicina deve ser treinado a realizar todos os passos da observação clínica, através da repetição exaustiva da mesma, ao longo de todo seu aprendizado e não só do curso introdutório de Semiologia. Mas, ele também precisa ser esclarecido e treinado, desde o início, para o fato de que nenhuma das observações que realiza, será realmente “completa”, pois a extensão e profundidade da abordagem de cada sistema, dependerá de muitas variáveis e principalmente, da natureza do problema médico e da própria experiência clínica do examinador.
2) O mito da hierarquização do aprendizado:
    A pedagogia tradicional leva ao extremo a hierarquia das disciplinas na construção do currículo médico. O Básico antes do Clínico e este antes do Internato; a Morfologia antes da Fisiologia e esta antes da Farmacologia e da Patologia. A Semiologia antes da Clínica e da Terapêutica, a Técnica Cirúrgica antes da Clínica Cirúrgica e assim por diante.  A lógica, aparentemente irrefutável, desta hierarquia apregoa que o estudante necessita adquirir conhecimentos básicos como requisito prévio para, gradativamente aplicá-los na resolução dos problemas dos pacientes.  Contudo, estas prerrogativas estão em xeque com a introdução de uma nova abordagem denominada Problem Based Learning (PBL), ou seja, aprendizado baseado em problemas. Como se sabe, este método revolucionário de ensino médico, tem sido crescentemente adotado em todo o mundo, fundamentando todo o aprendizado desde o ciclo básico até o avançado na resolução de casos clínicos, motivando e mobilizando o acadêmico através da apresentação de problemas reais.
3) O mito da imaturidade do estudante:
   Supõe que o estudante nunca está capacitado para estudos mais avançados, necessitando sempre de um longo tempo de preparação básica. Entretanto, o sucesso do PBL aplicado desde o início do curso em várias escolas médicas, desmente a necessidade desta hierarquização de conhecimentos e, principalmente, a tese da “imaturidade” do estudante do ciclo básico. Neste sentido, o professor Dr. Júlio  Voltarelli questiona:  Qual é o milagre que se opera nos anos de Internato e, principalmente, durante a Residência Médica, em que o estudante assume a responsabilidade pela resolução de problemas clínicos e, por conseguinte, de seu próprio aprendizado, tornado-se, no final, um profissional responsável e competente? O mito da imaturidade do estudante é um dos mais destrutivos para a educação médica, devido suas variadas implicações, pois causa um certa dependência do professor, ou pior, do especialista. O aprendizado se limita  ao interior do hospital universitário, muitas vezes apenas com aulas expositivas ou demonstrativas. Por outro lado, implica também que o interno está “maduro demais” para ser avaliado, concentrando a carga avaliativa de provas e exames ao perído de formação anterior ao internato, ou seja, nos quatro primeiros anos do curso.
4) O mito da interdependência das disciplinas:
   A integração do ensino, tanto em nível vertical (básico-clínico) como horizontal (básico-básico ou clínico-clínico) é uma das metas do currículo médico mais difíceis de serem alcançadas. Isso ocorre devido a este mito. Particularmente, pude perceber que a reforma curricular que experimentamos na UFPA durante os anos de graduação (2002 a 2007) objetivou a integração do ensino pela criação de blocos didáticos de disciplinas, denominados de PCIs (Programa Curricular Integrado). Estes blocos eram baseados em sistemas orgânicos, tanto no Ciclo Básico como no Clínico. Neste, vários blocos de integração, alguns se instalaram com sucesso, unindo disciplinas clínicas e cirúrgicas (Cardiovascular, Renal, Aparelho Digestivo, Respiratório), outros nem tanto. Na prática, não se assegurou a integração de conhecimentos pela simples concomitância de aulas sobre assuntos relacionados. Apesar deste modelo ter representado um avanço em relação ao ensino tradicional baseado em disciplinas estanques, ele não foi suficiente para produzir uma verdadeira interdisciplinaridade curricular. Já o modelo PBL está em franca execução em muitas instituições médicas, mas ainda é prematuro  avaliar seus reais benefícios e suas vantagens em relação aos modelos pedagógico-curriculares anteriores.

Breve ensaio sobre o ensino superior no Brasil

Moro em frente a uma faculdade particular que funciona a noite e há algum tempo venho percebendo um crescimento no número de alunos a cada ano. A impressão cada vez mais forte é a de que a maioria destes universitários passa mais tempo fora da faculdade do que propriamente dentro de suas dependências. 
Guardadas as proporções, às vezes chego até a comparar com aquelas típicas aglomerações de jovens em frente a boates e bares usando trajes das mais variadas categorias. Esta população de estudantes ao contrario do que podemos imaginar, não pertence à classe abastadas, em sua maioria são de origem humildes e muitos chegam direto de seus empregos, ainda com fardas, trabalhadores que finalmente tiveram a chance de se matricular num curso superior. Obviamente que alguns aproveitam de fato essa chance.
Pois bem, segundo o dicionário Aurélio, ensinar provém do latim signare, que significa colocar dentro, gravar no espírito. Modernamente entende-se como um processo lento e gradual de transmissão e aquisição de conhecimento com sutis diferenças metodológicas entre os povos. Portanto, ensinar está na dependência direta dos mecanismos educacionais construídos segundo os preceitos tradicionais de cada cultura, onde cada qual possui sua própria história de desenvolvimento.
Não podemos julgar o passado pelos critérios do presente, mas podemos mudar o futuro a partir do conhecimento do passado com atitudes no presente. Neste sentido, o panorama atual da educação brasileira pode ser entendido a partir de uma breve análise de seu desenvolvimento histórico e consolidação culminando com a formação de nossa comunidade científica.
É evidente que o processo de formação de uma comunidade científica depende fundamentalmente de um espaço social favorável gerado por um sistema educacional consistente e bem organizado. Foi somente a partir do século XIX que tais condições surgiram em território brasileiro, com o funcionamento das primeiras universidades.
Notadamente a sociedade brasileira se desenvolveu a partir da combinação entre os centros urbanos dependentes das relações internacionais com as extensas áreas rurais de monocultura, ambas sob os auspícios da burocracia governamental democraticamente incipiente e frágil, que dificultava o acesso a educação e por conseguinte um meio efetivo de ascensão social. 
Os filhos de famílias humildes buscavam nas carreiras eclesiásticas uma maneira de superar as limitações do berço, enquanto os jovens abastados viam nas profissões liberais clássicas (medicina, direito e engenharia), canais de mobilização social que permitia o transito da vida rural para as luzes da cidade grande.
Contudo, atualmente com a abertura de mais faculdades particulares estimulado pelo governo, a oportunidade de dar prosseguimento aos estudos se ampliou consideravelmente, mas infelizmente apesar da ampliação do acesso a educação formal, sua qualidade mostra sinais de deterioração atingindo níveis absurdos de criticidade. Diante destas considerações deixo aqui uma pergunta: Qual o bem mais precioso que você possui?
Para muitos a resposta pode ser os amigos, para outros a inteligência e a esperteza. Existirá contudo, aqueles que diriam o status social e seus bens materiais, outros ainda valorizaram o carinho dos familiares, o aconchego do lar, mas qualquer que seja a resposta, não seremos capazes de gozar plenamente destas opções sem um mínimo de conhecimento teórico formal.
O tempo é uma entidade difícil de definir, entretanto uma coisa é certa, ele é capaz de consolidar amizades e diferenciar os seres humanos. Uns aproveita-o para aprender mais se despindo da ignorância e animosidade. Outros, no entanto, hão de desperdiçá-lo cultivando sentimentos e inclinações menores, mergulhando no oceano da vaidade e egoísmo. Nestes tempos de muitas oportunidades, o que estamos fazendo com nosso tempo? O que estarão fazendo futuramente estes milhares de universitários que nas noites de sexta-feira, trocam as salas de aulas pelos barzinhos? A banalização da educação pode conduzir o país a um cenário apocalíptico onde nem as mentes melhor preparadas serão capazes de se salvar. Onde vamos parar? O que os historiadores do futuro dirão a nosso respeito?

Óptica, uma aventura luminosa (parte 2)

         A Óptica clássica se desenvolveu inicialmente com o estudo dos fenômenos luminosos relacionados à formação de imagens em espelhos e lentes envolvendo basicamente a reflexão, refração e absorção de acordo com o conceito de raio luminoso, caracterizando a óptica geométrica. Posteriormente surgiram trabalhos relacionados ao caráter ondulatório da luz, a partir de considerações sobre a natureza física da luz, medições sobre sua velocidade, experiências demonstrando novos fenômenos como a interferência, difração, dupla-refração, dando origem à chamada óptica física.

      Como já foi dito anteriormente, o estudo dos fenômenos luminosos só assume um caráter eminentemente científico a partir do século XVIII com a correta demonstração da lei de refração da luz e neste mesmo período começam a surgir os primeiros instrumentos ópticos tais como os óculos, os telescópios, os microscópios e câmeras fotográficas, sendo atribuído ao francês  Joseph  Niépce o primeiro registro fotográfico da história feito em 1826.

     Atualmente com o desenvolvimento da física quântica e relativística as concepções sobre a natureza da luz e seus fenômenos luminosos ganharam mais detalhes, contudo os modelos conceituais de explicação que dispomos atualmente tenta conciliar a partir de uma teoria unificadora, as mesmas dúvidas que existiam na cabeça dos antigos gregos: é a luz uma onda ou uma partícula? De um lado a mecânica quântica desenhando o mundo subatômico ondulatório, de outro a teoria da relatividade arquitetando os fenômenos cósmicos e neste meio-termo está a luz, se comportando ora como partícula (fóton), ora como onda num mundo governado pelas leis das probabilidades.  A teoria unificadora das quatro forças primordiais do universo (força forte, força fraca, eletromagnética e gravitacional) ainda não existe satisfatoriamente, mas promete revolucionar nossa compreensão sobre o universo e mais uma vez sobre a natureza da luz.

sábado, 28 de maio de 2011

Óptica, uma aventura luminosa (parte 1)


A luz sempre foi objeto de interesse do homem desde que tomou consciência de que a noite era conseqüência da ausência da luz solar. Para os Egípcios antigos a luz era Maât a filha de Rá o deus sol, para os Hebreus a luz foi criada por Deus. Já os gregos a compreendiam como algo menos místico, contudo, ainda havia lugar para dúvidas cruciais tais como: a luz vem do objeto que vemos ou sai de nossos olhos em direção aos objetos?

O poeta Homero acreditava na teoria dos raios visuais, já os pitagóricos postulavam que eram os olhos que recebiam os raios luminosos. Platão conciliava dizendo que a visão era um fenômeno constituído por três jatos de partículas, um proveniente dos olhos, outro proveniente dos objetos e um terceiro jato originado das fontes luminosas. Porém, esse impasse só começou a ser realmente resolvido a partir do iraquiano Al Hasan durante a idade das trevas ocidental (idade média) ao postular que a fonte dos raios luminosos estava no sol ou nos objetos luminosos e a visão se deve tão somente a reflexão destes raios até aos olhos humanos.
Os gregos eram tão brilhantes que tinham consciência de que para entenderem a natureza da luz, precisavam além de considerar sua origem não divina e os mecanismos fisiológicos da visão humana, também compreender a natureza física na luz, sua velocidade, sua massa e todas as leis que governam sua relação com os objetos por ela iluminados, as propriedades ópticas das esferas de cristais, dos vidros (lentes) e das características refletoras das superfícies planas e curvas (espelhos).
Embora a luz fosse considerada pelos gregos como de natureza corpuscular, o preceptor de Alexandre o grande (Aristóteles), defendia a hipótese alternativa de que a luz seria algo naturalmente propagado pelo espaço, inerente ao meio, sendo o primeiro a teorizar sobre a natureza do arco-íris. Após Aristóteles, muitos outros filósofos passaram a refletir sobre este fenômeno atmosférico (arco-íris) o qual se tornou um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da óptica.
A questão da natureza da luz permaneceu em debate por alguns séculos onde, de um lado havia os pitagóricos-platonistas defendendo a luz como partícula, de outro lado os aristotélicos defensores da luz como manifestação do meio entre o objeto e os olhos. 
Esse conflito permaneceu em caráter filosófico até o século XVIII quando finalmente a discussão ganhou ares científicos com a colaboração dos estudos de Descartes, Fermat, Newton e Huygens entre outra mentes brilhantes.
Texto adaptado do livro Crônicas da Física (tomo II). Trata-se de um trabalho primoroso do professor e amigo  Dr. J.M.F. Bassalo.

sábado, 14 de maio de 2011

A maior série de divulgação científica de todos os tempos


Meu pai sempre que possível  preencheu as noites estreladas de minha infância com histórias sobre o universo, incluindo estrelas, planetas e galáxias. No ínicio da década de 80 a rede globo apresentou uma minisérie em que meu pai e eu passamos a acompanhar, assistindo juntos durantes as manhãs de domindo. Ainda que eu não tivesse a maturidade suficiente para compreender perfeitamente a minisérie, a companhia de meu pai tornava esses momentos divertidíssimos e absolutamente marcantes. Anos depois a revista Super Interessante da editora abril disponibilizou na íntegra toda a minisérie em DVD e, obviamente que eu não perdi a oportunidade de adquirir todos os capítulos,guardando-os como relíquias pois espantosamente seu conteúdo ainda permanece, em sua maioria, bastante atualizado. Com trilha sonora  de Vangelis, COSMOS do Cientista norte-americano Carl Sagan, maior divulgador da ciência de todos os tempos, foi certamente um programa que influenciou drasticamente a trajetória de minha vida. Vale a pena ver e sobretudo ouvir.

Há 10 anos

No dia 27 de outubro de 2000 eu e minha turma do curso de Ciências Biológicas da UFPA estávamos finalmente concretizando o último rito de passagem acadêmica: a cerimônia de colação de grau. Neste dia memorável, naturalmente que não éramos capazes de imaginar exatamente o que aconteceria a partir dali, pois ainda que houvesse muitos planos, muitos desejos, muitas aspirações, o interior de nossos corações era dominado pela indagação: o que o destino reservaria a cada um de nós? Com futuro encoberto pelo véu das probabilidades e incertezas, sorríamos diante de um auditório lotado de amigos, parentes e autoridades.
(Trecho adaptado de “Aos últimos combatentes”. Crônica que escrevi em homenagem aos amigos da Biologia, publicada no jornal Diário do Pará em 09 de junho de 2003. Em breve fará parte de um acoletânea ainda sem título)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Dicas de como fotografar como um profissional (7)

Efeitos com o Obturador
      Como já vimos no item anterior, o EV corresponde a diversos diafragmas e obturadores que estão determinando a mesma quantidade de luz, mas o resultado final das imagens é que será diferente e está é a opção do fotógrafo nas diversas situações. Exemplo: para ISO 400 se você tiver f 1.4 com velocidade de 1/1000 segundos será a mesma exposição de f.16 com velocidade de 1/8 segundos. A diferença é que no segundo caso voc~e provavelmente vai precisar repousar a câmera sobre uma superfície plana, pois a essa velocidade é praticamente impossível tira uma foto sem tremer.
       A escolha da velocidade do obturador mais adequado depende de uma série de requisitos, como a diferença de distância das coisas, que altera a sensação de movimento, se muito rápido você congela o movimento, se muito lento você “borra” o movimento. Suponhamos uma situação em que precisamos fotografar um carro de corrida em alta velocidade
1a. Opção:
    Queremos que o carro fique congelado (apesar de sua alta velocidade) e que o fundo, onde estão as pessoas assistindo , também seja bem visível. Para este efeito (congelamento) temos que usar um tempo bastante rápido no obturador acompanhado de um furo pequeno para ganhar profundidade de campo, então teríamos: velocidade de 1/1000 segundos e f.8.0 Para maior certeza que estamos com o carro enquadrado, acompanhamos com a máquina sua passagem e fazemos a foto no local desejado.
2a. Opção:
    Queremos captar a velocidade do carro, mas não queremos alterar a visibilidade do fundo. Para isto, basta diminuirmos o tempo do obturador de modo que o carro "ande" durante a exposição ,que se muito longa, fará um "vulto" não mostrando perfeitamente o carro mas sim o seu movimento. Com a máquina lateral à pista poderemos captar com maior ênfase o deslocamento do carro; o que já é minimizado quando a exposição é diagonal. Não é aconselhável a posição frontal, que só permite captarmos como movimento, o aumento ou redução do tamanho do objeto.
     Efeitos com o diafragma
Antes precisamos falar  sobre a profundidade de campo (segue no próximo post).

Muitas câmeras, um só desejo

Adquiri minha primeira câmera fotográfica aos 22 anos, produto de um investimento proveniente de uma bolsa de estudo na modalidade de iniciação científica. Na época eu era um reles estudante do segundo ano de Biologia, mas com muitas idéias na cachola. A câmera era a popular Yashica mg-motor analógica básica, que utilizava filme fotográfico no formato 35mm (filme convencional comprado nas farmácias da esquina). Possuía um sistema de rebobinação automática do filme e presença de um auto-flash embutido. A lente era uma fixa de 35mm a qual eternizou bons e saudosos momentos.


Fotografar nesta época ainda não era atividade tão digamos assim "corriqueira" entre os amadores. Havia uma limitação crítica, pois no universo dos amadores, só era possível encontrar filmes de 16, 24 ou 32 poses, com ISO de 100, 200 ou 400. Portanto não podia haver desperdícios na hora de clicar, ou o clic saía adequado ou lá se perdia uma pose. Para se economizar, tudo tinha que ser bem planejado e quase nunca se registrava assuntos fora da temática habitual, o retrato com as tradicionais imagens posadas.
     Deste modo havia a apreocupação do aproveitamento máximo do filme fotográfico, no sentido de registrar pessoas queridas, amigos, parentes, geralmente em eventos sociais, passeios e ocasiões muito específicas. Em outras palavras, o cotidiano da vida como ela é, passava despercebido as lentes amadoras.
Além de termos que comprar os filmes, gastava-se com as revelações. Quem era dessa época lembra que durante o intervalo entre o ato de clicar até a revelação do filme, a ansiedade era de matar, restando apenas a imaginação de como poderiam estar aquelas fotos preciosase caras. Era comum ficar torcendo para “prestar” uma determinada pose ou um rolo de filmes trabalhosamente utilizado. Junto com a câmera, levávamos aquelas bobinas pretas com rótuos amarelos na parte externa, como se fosse ouro.
Antes de 1997 meus clics eram muito escassos e quase inexistentes, pois eram realizados em câmeras emprestadas de tios e tias. Na maioria das vezes, as fotos em que eu “saía”,  eram de clics esporádicos. Ironicamente, hoje eu possuo três câmeras e continuo raramente a "sair" nas fotos.
Permaneci com a yashica até o início de 2002, ano em que adquiri uma outra câmera analógica, dessa vez uma Tron LCD Zm, cuja objetiva oferecia um zoom óptico de 35 - 60 mm. Oferecia os recursos de auto-flash embutido e redutor de olhos vermelhos, além de um contador digital de foto. Havia também a possibilidade de se incluir o dia,mês e ano no fotograma.

Após muitos e felizes clics, passei a câmera em frente, ocasião em que comprei a minha primeira câmera fotográfica digital (em 2006), uma Mitsuca DC7328BR de 7.0 megapixels, com auto-flash embutido, funcionamento a pilha e retro-tela de LCD com 3.0 polegadas. Oferecia um zoom de 3x equivalente a 34-102mm e f.5.8-17.4. Uma verdadeira jóia a qual ainda hoje, a utilizo, sobretudo, devido a sua praticidade e discrição.
Finalmente após longa reflexão "filosófico-financeira", resolvi comprar a minha primeira câmera DSRL, uma Canon t1i, também conhecida como 500d ou Kiss.  No dia 27 de agosto de 2009 foi um dia memorável, pois nas minhas mãos estava aquelaa maravilha e misteriosa tecnológia, com múltiplas funções.
    Lentamente com o manuseio a e prática fui adquirindo o conhecimento mínimo necessário para operá-la satisfatoriamente. Em seguida, fui dominando algumas técnicas fotográficas, até que finalmente, comecei a utilizar razoavelmente aquela recém-chegada belezinha.





    Mas como sabemos, homem é um eterno insatisfeito, logo surgiram outras necessidades, as quais a T1i já não era capaz de atender plenamente. Foi então que entrou em cena a canon 7d. Adquiri essa preciosidade em 21 de março de 2011, contudo, entre a Ti1 e a 7d, vieram algumas objetivas, outros tantos filtros,  acessórios diversos, revistas, livros, cursos e o que parecia apenas uma brincadeira despretensiosa, foi ganhando status de “passa-tempo sério”, aliá, é a classificação atua dassa minha paranóia.







       Após todas essas experimentações, ficou uma pergunta: Onde isso vai parar? Uma coisa é certa: chega de acessórios e câmeras por um bom tempo. É lógico que a verdadeira diversão só tem brilho quando não nos tornamos reféns da tecnologia. Precisamos abandonar a inclinação compulsiva de  tentar acompanhar os últimos lançamentos tecnológicos. Eu, particularmente, precisei trilhar este caminho para que finalmente, pudesse encontrar a paz e poder defrutar plenamente da satisfação de brincar com a luz.