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domingo, 29 de maio de 2011

Breve ensaio sobre o ensino superior no Brasil

Moro em frente a uma faculdade particular que funciona a noite e há algum tempo venho percebendo um crescimento no número de alunos a cada ano. A impressão cada vez mais forte é a de que a maioria destes universitários passa mais tempo fora da faculdade do que propriamente dentro de suas dependências. 
Guardadas as proporções, às vezes chego até a comparar com aquelas típicas aglomerações de jovens em frente a boates e bares usando trajes das mais variadas categorias. Esta população de estudantes ao contrario do que podemos imaginar, não pertence à classe abastadas, em sua maioria são de origem humildes e muitos chegam direto de seus empregos, ainda com fardas, trabalhadores que finalmente tiveram a chance de se matricular num curso superior. Obviamente que alguns aproveitam de fato essa chance.
Pois bem, segundo o dicionário Aurélio, ensinar provém do latim signare, que significa colocar dentro, gravar no espírito. Modernamente entende-se como um processo lento e gradual de transmissão e aquisição de conhecimento com sutis diferenças metodológicas entre os povos. Portanto, ensinar está na dependência direta dos mecanismos educacionais construídos segundo os preceitos tradicionais de cada cultura, onde cada qual possui sua própria história de desenvolvimento.
Não podemos julgar o passado pelos critérios do presente, mas podemos mudar o futuro a partir do conhecimento do passado com atitudes no presente. Neste sentido, o panorama atual da educação brasileira pode ser entendido a partir de uma breve análise de seu desenvolvimento histórico e consolidação culminando com a formação de nossa comunidade científica.
É evidente que o processo de formação de uma comunidade científica depende fundamentalmente de um espaço social favorável gerado por um sistema educacional consistente e bem organizado. Foi somente a partir do século XIX que tais condições surgiram em território brasileiro, com o funcionamento das primeiras universidades.
Notadamente a sociedade brasileira se desenvolveu a partir da combinação entre os centros urbanos dependentes das relações internacionais com as extensas áreas rurais de monocultura, ambas sob os auspícios da burocracia governamental democraticamente incipiente e frágil, que dificultava o acesso a educação e por conseguinte um meio efetivo de ascensão social. 
Os filhos de famílias humildes buscavam nas carreiras eclesiásticas uma maneira de superar as limitações do berço, enquanto os jovens abastados viam nas profissões liberais clássicas (medicina, direito e engenharia), canais de mobilização social que permitia o transito da vida rural para as luzes da cidade grande.
Contudo, atualmente com a abertura de mais faculdades particulares estimulado pelo governo, a oportunidade de dar prosseguimento aos estudos se ampliou consideravelmente, mas infelizmente apesar da ampliação do acesso a educação formal, sua qualidade mostra sinais de deterioração atingindo níveis absurdos de criticidade. Diante destas considerações deixo aqui uma pergunta: Qual o bem mais precioso que você possui?
Para muitos a resposta pode ser os amigos, para outros a inteligência e a esperteza. Existirá contudo, aqueles que diriam o status social e seus bens materiais, outros ainda valorizaram o carinho dos familiares, o aconchego do lar, mas qualquer que seja a resposta, não seremos capazes de gozar plenamente destas opções sem um mínimo de conhecimento teórico formal.
O tempo é uma entidade difícil de definir, entretanto uma coisa é certa, ele é capaz de consolidar amizades e diferenciar os seres humanos. Uns aproveita-o para aprender mais se despindo da ignorância e animosidade. Outros, no entanto, hão de desperdiçá-lo cultivando sentimentos e inclinações menores, mergulhando no oceano da vaidade e egoísmo. Nestes tempos de muitas oportunidades, o que estamos fazendo com nosso tempo? O que estarão fazendo futuramente estes milhares de universitários que nas noites de sexta-feira, trocam as salas de aulas pelos barzinhos? A banalização da educação pode conduzir o país a um cenário apocalíptico onde nem as mentes melhor preparadas serão capazes de se salvar. Onde vamos parar? O que os historiadores do futuro dirão a nosso respeito?

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