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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Aos meus mestres, com carinho (1)

Já foi dito que uma das glórias máximas de um povo está no reconhecimento e valorização de seus professores, sobretudo, por estes constituírem os pilares da nação, centelha de esperança que lapida o destino de crianças e o caráter de adultos. Deste modo, motivado pelo desejo de homenagear meus saudosos professores do ensino fundamental e médio, rememoro fatos de épocas da infância e juventude, trazendo à público aqueles homens e mulheres anônimos, que fizeram parte de minha trajetória estudantil, emprestando suas vidas ao nobre ato de ensinar.
Nessa viagem pessoal, reporto-me aos idos de 1978 quando então, fui  apresentado ao lápis e papel. Residia no bairro do Umarizal, rua Oliveira Belo, passagem Brasília, casa de número 32. Dessa época, ainda guardo vivo na memória meu velocípede - um triciclo azul com detalhes brancos, - presente do lendário Noel.
Todas as tardes, dona Maria José, minha mãezinha, levava-me até a casa da “tia Socorro”, a primeiríssima personagem dessa aventura. Ali, funcionava uma rústica escolinha improvisada, a qual  acolheu-me carinhosamente, tornando aquelas tardes de infância ainda mais gostosas. Entre riscos e rabiscos, cantávamos, fazíamos orações, ouvíamos historinhas, brincávamos com joguinhos, tudo envolto numa contagiante atmosfera de alegria e diversão.
      No ano seguinte ao completar cinco anos de idade, ingressei oficialmente no sistema educacional formal “jardim”, o qual realizei no Núcleo Pedagógico Integrado (NPI) da UFPA. Nessa época o NPI possuia uma frota, salvo engano, constituída por dose ônibus destinados a condução dos alunos dessa escola. Todos belíssimos, com pinturas multicoloridas em formato de planetas e satélites. Lembro-me que ficavam estacionados em frente a escola, dispostos lado a lado, cada qual com uma numeração específica e com trajetórias distintas entre os diversos bairros de Belém.
     Quando a sirene da escola anunciava a hora da saída, nós, alunos do jardim, ficávamos atentos à espera daquelas pessoas que nos conduziram até esses ônibus. Nunca esqueci a ruidosa, mas cordial dona Nazaré que, os “berros” se aproximava de nossa sala de aula anunciando: “carro dez, carro dez, carro dez...!”.
   Ao ouvi-la, eu e os demais infantes, rapidamente formávamos um trenzinho humano e assim, seguíamos a estridente senhora até o respectivo ônibus que fazia linha para nosso bairro e cujo número era o dez.
  Segundo me consta, meu primeiro dia de aula em uma escola foi traumático e doloroso. Meu pai foi quem teve a também difícil tarefa de conduzir-me até a classe e me apresentar  aos colegas e a nova professora. No momento da despedida, ao perceber que ficaria "sozinho", agarrei-me firmemente em seus braços e aos prantos, protestava por não querer ficar. Por sorte, minhas chantagens emocionais nunca funcionaram. Algum tempo depois, percebendo a inevitabilidade de ter que encarar a situação, aquele moleque medroso foi se ambientado ao novo espaço, junto aos novos colegas de classe. Naturalmente uma classe repleta de olhinhos igualmente aflitos com a jornada que se iniciava.



    Foi no Jardim que conhecemos os números naturais. A “tia Marilaque” (nossa professora do jardim), nos ensinou pacientemente as vogais e as consoantes, contou-nos muitas outras historinhas,  brincadeiras variadas e de posse de lápis de cera e tinta guaxe, criávamos um novo mundo.
   Entretanto, como o NPI era destinado, na época, apenas aos filhos de funcionários da UFPA, em 1980 precisei mudar de escola, pois meu pai deixaria  da UFPA para ingressar nos Correios, empresa em que se encontra até hoje.
Assim, prossegui os estudos na Escola Estadual de primeiro grau “Paulo Maranhão”, localizada na Av. José Bonifácio, esquina com a rua dos Mundurucus. Nessa escola, realizei o “preparatório” também conhecido como alfabetização. Minha mestra foi a atenciosa professora Maria de Lurdes Bizerra Lopes, ilustre amiga da família e  por sinal, mãe de meu grande amigo de infância  Paulo André Lopes. Certamente, foi a “Tia Lourdes”quem me iniciou na indefectível cartilha do ABC e nos cadernos de caligrafia. Não preciso dizer que meu coração será eternamente grato.      ... (segue)

O Liberal. 20/03/2006

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